Como proteger as crianças de picadas de mosquitos?

Em tempos de dengue, a orientação torna-se cada vez mais relevante. A alergista Helena Maria Corrêa de Sousa Vieira, presidente da Sociedade Catarinense de Pediatria, conversou com o SBP Notícias. Portas bem vedadas, janelas fechadas, roupas compridas e mosqueteiros estão entre as recomendações Dra. Helena, a presença da dengue traz, entre outras questões, a escolha …

dra. Maria Helena
dra. Helena Maria

Em tempos de dengue, a orientação torna-se cada vez mais relevante. A alergista Helena Maria Corrêa de Sousa Vieira, presidente da Sociedade Catarinense de Pediatria, conversou com o SBP Notícias.

Portas bem vedadas, janelas fechadas, roupas compridas e mosqueteiros estão entre as recomendações

Dra. Helena, a presença da dengue traz, entre outras questões, a escolha da melhor maneira de proteger as crianças contra picadas de mosquitos. O que a sra. indica?

A epidemia de dengue vem ocorrendo desde 1986. Os mosquitos do gênero Aedes aegypti, transmissor da dengue, têm maior atividade diurna e preferem ambientes abertos.  Por isso, a utilização de repelentes é importante para a prevenção de doenças. Esses insetos, além de causarem desconforto com suas picadas, oferecem riscos para crianças com hipersensibilidade, como por exemplo, alergias à picada e infecções secundárias.

Pode falar sobre esses repelentes? Como são classificados?

Existem repelentes tópicos, físicos e ambientais. Os tópicos são aqueles que pelo odor provocam a repulsão do inseto, e existem em diferentes variedades.

Os repelentes tópicos à base do composto químico DEET são muito comuns nos produtos brasileiros, podemos encontrá-los em marcas como: Autan, OFF, OFF KIDS, Super Repelex Kids Gel, sendo que somente esses dois últimos podem ser usados em crianças, recomendados a partir de dois anos de idade. A Icaridina é outra opção de composto para as crianças dessa mesma faixa etária, encontrada em produtos como o Exposis Infantil (Osler).

Também já está disponível no mercado uma substância que tem efeitos menos tóxicos sobre o organismo dos bebês, o IR3535. Seu tempo de duração é estimado em duas horas, e pode ser utilizado em crianças a partir de seis meses. É encontrado em alguns produtos como: Skin 20 Soft (Avon) e Clear Lotion – Loção Antimosquito (Johnson’s Baby). Existe ainda o óleo de Citronela, um repelente natural utilizado há décadas. Suas propriedades cosméticas são mais interessantes do que as do DEET, porém, de baixa eficácia. Seu efeito prolonga-se entre 20 minutos e duas horas, e também é recomendado para crianças acima de dois anos.

Qual a importância dos repelentes físicos e ambientais?

Eles trazem mais benefícios para os bebês menores, aqueles com até seis meses, que têm pouca mobilidade e permanecem em locais restritos. Deve ser dada preferência a portas bem vedadas, assim como janelas fechadas com telas, o ambiente deve ser mantido refrigerado com ar condicionado. Em carrinhos, berços e Bebê Conforto recomendamos a utilização de mosquiteiros simples, cujos poros das telas não devem ser maiores que 1,5 mm. As vestimentas precisam ser adequadas, mangas e calças compridas aumentam a proteção. Outra boa dica é usar velas de Andiroba por tempo prolongado, cerca de 48h, isso garante cobertura numa área de 27m2 e previne as picadas do Aedes aegypti.

Há alguma outra instrução?

As crianças nunca devem dormir com repelentes aplicados na pele e é importante ser evitada a aplicação na região da face. É preferível o uso de roupas compridas e mosqueteiros. Durante a exposição ao sol, quando for necessário, é recomendada a utilização do protetor solar, sendo importante aguardar a absorção completa do produto pela pele, que ocorre em cera de 20 minutos, para somente depois ser aplicado o repelente. Além disso, é muito importante seguir medidas preventivas, que visem a não proliferação do Aedes aegypti. Dessa maneira, prevenimos a perpetuação da dengue.

Referências:

  • Cilek JE, Petersen JL, Hallmon CE. Comparative efficacy of IR3535 and deet as repellents against Aedes aegypti and Culex quinquefasciatus. J Am Mosq Control Assoc, 2004.
  • Stefani GP, Pastorino AC, Castro AP, Fomin AB, Jacob, CM. Artigo de Revisão: Repelentes de insetos: recomendações para uso em crianças. Rev Paul Pediatr, 2009.