Congresso Internacional de Imunodeficiências primárias acontece em São Paulo, com o apoio institucional da SBP


Médicos e pesquisadores de todo o mundo se reúnem entre 4 e 7 de outubro no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo (SP), para a 5ª edição do LASID Meeting 2017 – Latin American Society for Primary Immunodeficiencies. Os temas abordados serão relacionados aos cuidados e avanços nas Imunodeficiências Primárias (IDPs) causadas pelas deficiências genéticas do sistema imunológico. As primeiras manifestações costumam ocorrer durante a infância precoce, com quadros infecciosos de repetição.

De caráter multidisciplinar, o evento tratará dos temas de infecções de repetição na infância, doenças autoimunes, suscetibilidade a câncer, doenças autoinflamatórias, reações adversas às vacinas, entre outras. “Abordaremos os avanços da área de imunodeficiências primárias, que são aquelas de origem genética. Além disso, vamos falar também sobre o diagnóstico neonatal por meio do novo teste do pezinho”, comenta o dr. Antônio Condino Neto, presidente do Congresso e do Departamento Científico de Imunologia Clínica da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), apoiadora do evento.

Segundo dr. Antônio, são esperados cerca de 700 participantes das Américas, Europa,  África e Oriente Médio. O programa contemplou 17 simpósios e 76 apresentações realizadas por 51 palestrantes e moderadores. O evento também publicou 179 temas livres no Journal of Clinical Immunology. “Esperamos contribuir para atualização e o avanço do conhecimento sobre imunodeficiências primárias para o pediatra brasileiro”, frisa.

PROGRAMAÇÃO – A triagem para identificação de IDPs ainda na maternidade será um dos destaques da programação. Isso porque já está disponível no País o primeiro teste capaz de diagnosticar a doença partir da mesma coleta utilizada para o famoso teste do pezinho. O exame, implantado pelo dr. Antônio, em parceria com uma universidade pública e uma entidade de triagem neonatal, possibilita o diagnóstico precoce de novos casos, imprescindível para ampliar as chances de a criança portadora de IDP levar uma vida normal ou próxima do normal.

Dentre os destaques da programação, estão os satélites Educational Day, Jeffrey Modell Symposium (JMF), International Patients Organisation for Primary Immunodeficiencies Meeting Latin America Chapter (IPOPI), Nurse Meeting. “Parabenizo aos organizadores do evento por este magnífico encontro. Fiquei impressionada com a programação, uma vez que trará temas muito importantes sobre as doenças inflamatórias”, comenta a presidente da SBP, dra. Luciana Silva.

PROBLEMÁTICA – Atualmente, no Brasil, existem cinco mil pessoas diagnosticadas com Imunodeficiências Primárias (IDPs), mas estima-se que existam três vezes mais casos, devido à subnotifação da doença. Dados do Bragid – Brazilian Group for Primary Immunodeficiency apontam que 15 mil pessoas sofrem com a falta de diagnóstico de IDPs no Brasil. “O assunto é de baixo conhecimento da população em geral, embora seja de extrema importância que a classe médica e, principalmente os pais, tenham acesso à informação para salvar vidas de bebês e crianças em seus primeiros anos de vida”, diz o dr. Condino.

As IDPs agrupam mais de 350 doenças podendo ser hereditárias ou genéticas. A deficiência no sistema imunológico frequentemente é causada por erros genéticos, de células que formam o sistema. “Infelizmente, muitas vezes a IDP só é diagnosticada após muitos anos de seguidas infecções, o que pode provocar sequelas graves ou mesmo levar o paciente à morte”, diz a imunologista dra. Beatriz Tavares Costa Carvalho.

O diagnóstico tardio é, geralmente, causado pela falta de informação dos próprios médicos, pois, muitas vezes, os sintomas são tratados como causa (infecções de repetição: pneumonia recorrente, otite, estomatite, entre outros). Os próprios pais do bebê podem solicitar ao médico, por prevenção, que seja feito o teste. O custo nas maternidades é de aproximadamente R$ 150,00.

Sem o teste feito após o nascimento do bebê, a identificação de uma IDP leva, em média, seis anos para ser fechada. “O entrave está no fato de que os portadores de IDPs são submetidos à uma verdadeira peregrinação entre os serviços de saúde, tempo que poderia ser reduzido com a realização do exame ainda na maternidade”, ressalta a dra. Beatriz.

TRATAMENTO – Adolescentes e adultos também podem ser acometidos por essa deficiência no sistema imunológico. O tratamento das IDPs varia de acordo com o tipo e a gravidade da doença. No entanto, todas as terapias garantem ao paciente a sequência de sua rotina, principalmente em casos de diagnóstico precoce. “Existem várias opções de tratamento e até de acesso pelo SUS. Mas o que mais sentimos é o desconhecimento sobre a doença e a dificuldade em descobrir a IDP, por isso o alerta para que o diagnóstico seja feito o quanto antes”, completa a dra Beatriz.

O LASID Meeting tem mostrado, desde sua criação, um terreno fértil para o estudo e cooperação no campo das Imunodeficiências Primárias. A edição 2017 tem patrocínio de importantes players do setor de saúde e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de são Paulo (FAPEPS). Também conta com apoio da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia, do European Society for Primary Immunodeficiencies e Clinical Immunology Society. Mais informações no site: http://www.lasid2017.com/. (Com informações da assessoria de imprensa do LASID 2017)