Eles já foram os vilões das alergias infantis, mas hoje estão sendo absolvidos pelos médicos. Muito mais do que bolinhas de pelo, animais de estimação são companheiros carinhosos, que estimulam o afeto, a inteligência e podem até deixar o organismo dos pequenos mais forte. De acordo com uma pesquisa da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, o contato com micróbios transportados por cachorros pode imunizar crianças contra asma.
– Meu neto tem cachorro, sou totalmente a favor. Está mais do que provado que os bichinhos são amorosos e ajudam a questão do afeto. Eu não vejo contraindicação – explica a pediatra Leda Amar de Aquino.
Isolar demais o filho do ambiente pode prejudicar em vez de ajudar. A criança cresce na redoma e corre risco de desenvolver alergias. Mas, segundo a médica, é preciso cuidado:
– O bicho tem que estar vacinado e tomar banho semanalmente.
A estudante Marcella Araújo Oliveira, de 24 anos, conhece como ninguém os benefícios de unir cães e bebês. Sua pequena Manuela, de 2 anos, convive desde o nascimento com a cadela de estimação da família, Juju.
– Ela aprendeu a não ter medo de cães, brinca muito e tem muito carinho pela Juju. São muito felizes.
Segundo a pediatra Neide Pereira, do Comitê de Alergia e Imunologia da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro (Soperj), pesquisa feita na Áustria mostrou que o contato com animais desde o berço diminui a incidência de alergias. De acordo com o estudo, se as mães têm bichos desde antes da gravidez e a criança também convive com animais desde o nascimento, a chance de desenvolver alergias é menor. Isso explica a menor incidência de doenças alérgicas em ambientes rurais, onde a população convive com bichos durante toda a vida.
– A hipótese da higiene diz que doenças alérgicas estão aumentando no mundo ocidental entre famílias de poder aquisitivo mais alto porque há muito controle do ambiente – explica.
Até mesmo os gatos, que causam mais alergias do que os cães, podem viver na mesma casa que os pequenos. Se o bebê convive desde o nascimento, a chance de tolerar a companhia é maior.
– Com a criança que não é alérgica, não é preciso ter preocupação. Se o pai for alérgico, há possibilidade de 30% de a criança ser alérgica também. Sendo a mãe alérgica, o percentual sobe para 50%. Se houver histórico de alergia familiar, é preferível que não haja animal de pelos na casa para evitar alergias – explica Neide.
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