Tendo em vista a pandemia pelo novo coronavirus (COVID-19), decretada recentemente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e a confirmação de transmissão sustentada no Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), publicou o documento "A criança com cardiopatia nos tempos de COVID-19: posicionamento oficial conjunto", em parceria com o Departamento de Cardiopatias Congênitas e Cardiologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cardiologia e o Departamento de Cirurgia Cardiovascular Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular.
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Conforme explica o texto, a doença incide predominantemente em adultos, sendo que idosos e pessoas com comorbidades (entre elas a doença cardiovascular) apresentam maior risco de complicações. Ao mesmo tempo, observa-se menor incidência da doença entre crianças, com menor taxa de complicações e óbitos. No entanto, ainda não se sabe o real risco do acometimento desta infecção em crianças com cardiopatias e suas potenciais complicações.
De acordo com um estudo realizado na China, com um total de 11.000 casos descritos até 10 de fevereiro de 2020, cerca de 400 casos ocorreram em crianças, o que corresponde a aproximadamente 4%. Até o momento, no entanto, não existem dados referentes à incidência de COVID-19 especificamente em crianças com cardiopatia congênita.
RISCOS - Como ainda há informação suficiente para verificar o verdadeiro risco das crianças cardiopatas diante da COVID-19, o documento usa o conhecimento adquirido em relação a outras infecções respiratórias semelhantes, como infecções pelo vírus Influenza e vírus sincicial respiratório (VSR), que também ocorrem em crianças cardiopatas.
No grupo de cardiopatias congênitas ou adquiridas sem repercussão hemodinâmica e cardiopatias que foram corrigidas por cirurgia ou cateterismo intervencionista e que estejam clinicamente bem e sem sinais de insuficiência cardíaca, o risco é semelhante ao da população pediátrica geral e a evolução da doença provavelmente será benigna na maioria dos casos.
Já a população com cardiopatias congênitas ou adquiridas que apresentem repercussão hemodinâmica significativa (insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar ou hipoxemia) e cardiopatias que já foram submetidas à correção cirúrgica, porém mantêm sinais de insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar, cianose ou hipoxemia, é considerada um grupo de risco para COVID-19 porque poderá apresentar agravamento das condições ventilatórias de forma mais precoce e intensa diante da infecção.
Outra questão abordada no texto é o risco para as crianças transplantadas do coração. "Embora ainda não tenhamos dados específicos referentes à COVID-19 em crianças transplantadas, sabemos que elas são um grupo de alto risco para infecções virais devido ao estado de imunossupressão a que estão submetidas. Neste momento, é recomendado manter a criança com certo grau de isolamento em domicílio, evitando-se frequentar locais de aglomeração. Deve-se estar atento aos cuidadores, evitando-se ao máximo o contato com pessoas com sintomas gripais", diz o documento.
A nota de alerta aborda ainda os temas "Realização de cirurgia cardíaca pediátrica ou cateterismo intervencionista"; "Consultas médicas e exames cardiológicos"; "Uso de medicações cardiológicas"; "Imunização na criança com cardiopatia"; "Orientações sobre isolamento social"; e "Cuidados de proteção individual para as equipes de cuidadores".
Confira todas as orientações da SBP sobre a COVID-19 em https://www.sbp.com.br/especiais/covid-19/
PED CAST SBP | "Neuroblastoma"
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