Para combater o novo coronavírus, cientistas do Brasil inteiro têm intensificado a rotina de trabalho, abdicado de horas de sono e adotado medidas de distanciamento das suas próprias famílias. Em reportagem especial da Globonews, o presidente do Departamento Científico de Imunologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), dr. Antônio Condino-Neto, falou sobre os desafios impostos aos especialistas que estão na linha de frente na busca por soluções para a pandemia de COVID-19.
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Segundo relatou, dormir e acordar pensando no novo coronavírus é uma difícil missão, porém fundamental para fornecer uma resposta rápida e eficiente à sociedade, tendo em vista que o atual problema ameaça diretamente a vida de milhares de brasileiros.
“A gente precisa conscientizar toda a população para o debate principal, que não é sobre a possibilidade de adquirir a doença. O cerne da questão é a nossa capacidade e compromisso de não transmitir, especialmente para as pessoas do grupo de risco. O foco não é o indivíduo, mas sim a comunidade. Precisamos pensar em todos, sem exceções”, disse.
CRIANÇAS E ADOLESCENTES - Um dos muitos mistérios sobre a COVID-19, que ainda persiste e atualmente está na mira dos pesquisadores, é a grande diferença do comprometimento causado pela doença em cada faixa etária. No geral, as repercussões na saúde da população pediátrica têm sido mais brandas em comparação com os efeitos verificados nos indivíduos adultos.
Após a análise de mais de 50 estudos a respeito do novo coronavírus em crianças e adolescentes, o dr. Antônio Condino-Neto apresentou algumas indicações sobre o porquê de as crianças estarem mais protegidas da forma mais grave da doença.
“O calendário de vacinação é iniciado a partir do primeiro ano de vida. Além isso, as crianças são frequentemente expostas a infecções respiratórias. Esses dois elementos levam a comunidade científica à hipótese de que por isso haja uma espécie de pré-defesa. A gente tem que lembrar também que o sistema imunológico na infância não está pronto. No contexto desse novo vírus, essa parece ser uma vantagem adaptativa significativa”, explica ele.
Em termos gerais, o presidente do DC de Imunologia da SBP destaca que o corpo da criança costuma ser mais sadio, uma vez que não há comorbidades, como hipertensão, diabetes tipo 2 e outros problemas advindos de hábitos inapropriados, como o consumo de tabaco, álcool e demais drogas.
“Vale ressaltar que, no entanto, há ao menos um dado preocupante. Estudos com crianças italianas e chinesas identificaram que, mesmo após receber alta hospitalar, esses pacientes continuaram disseminando o coronavírus através da respiração e das fezes por um período que varia de 9 a 30 dias, em alguns casos. Esse fato tem uma implicação muito grande para o controle da pandemia. Por isso, é tão essencial que sejam mantidas as medidas de isolamento social”, reforçou.
Confira todas as orientações da SBP sobre a COVID-19 em https://www.sbp.com.br/especiais/covid-19/
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