Covid-19: Pediatras alertam que dexametasona não tem eficácia comprovada no tratamento de crianças

Os Departamentos Científicos de Alergia, Endocrinologia e Pneumologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiram nota conjunta sobre o uso de dexametasona no tratamento da Covid-19, reforçando a mensagem de que a eficácia deste fármaco ainda não foi comprovada em crianças que evoluíram para o uso ou não de oxigênio, nem tampouco como prevenção da doença. O texto ressalta ainda que o uso indevido do medicamento e sem acompanhamento médico pode trazer prejuízos à saúde das crianças.

ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DA NOTA.

O documento da SBP foi elaborado logo após a Universidade de Oxford, do Reino Unido, divulgar os resultados preliminares do estudo Recovery (Randomized Evaluation of COVid-19 thERapY) em que há a possibilidade de o medicamento salvar vidas neste período de pandemia. Em março de 2020, o estudo foi estabelecido como um ensaio clínico randomizado para testar uma variedade de tratamentos potenciais para Covid-19, incluindo doses baixas de dexametasona (um tratamento com esteroides). Mais de 11.500 pacientes foram envolvidos, em mais de 175 hospitais do Sistema Nacional de Saúde (NHS) no Reino Unido.

Um total de 2.104 pacientes foram randomizados para receber dexametasona 6mg uma vez por dia (por via oral ou por injeção intravenosa) por dez dias e foram comparados com 4.321 pacientes randomizados apenas para os cuidados habituais. Entre os pacientes que receberam os cuidados usuais isoladamente, a mortalidade em 28 dias foi mais alta naqueles que necessitaram de ventilação (41%), intermediária nos pacientes que precisaram apenas de oxigênio (25%) e menor entre aqueles que não necessitaram de intervenção respiratória (13%).

“Vale ressaltar, que para a população pediátrica, o grupo de avaliação da dexametasona ainda está em fase de recrutamento, e não podemos extrapolar os resultados obtidos em adultos para as crianças. Além disso, o abuso e o uso sem recomendação médica dos corticosteroides orais pode trazer consequências graves à saúde, como distúrbios hidroeletrolíticos, alterações músculoesqueléticas e gastrintestinais, reações dermatológicas, distúrbios psiquiátricos e danos nos sistemas endócrino, oftálmico, metabólico, imunológico, hematológico e cardiovascular”, destaca a nota de alerta emitida pela SBP.