Um estudo do Reino Unido, realizado com mais de quatro mil pessoas com Síndrome de Down, indicou que pacientes com Síndrome de Down – manifestação genética conhecida como trissomia do cromossomo 21 – têm até cinco vezes mais chances de serem hospitalizados e 10 vezes mais chances de morrer, se infectados pelo novo coronavírus. O levantamento soma-se a outras pesquisas recentes, que também demonstraram esse alto risco em comparação à população em geral.
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Conforme revela o presidente do Departamento Científico de Genética da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dr. Salmo Raskin, nesse mesmo contexto, crianças e adolescentes com a Síndrome de Down têm sido apontados como até três vezes mais suscetíveis a desenvolver complicações da Covid-19.
“A princípio, a população pediátrica não parece ser tão vulnerável quanto a de adultos com a Síndrome. No entanto, esses pacientes também estão incluídos no grupo de risco se comparados ao restante da população, inclusive com potencial mais elevado de ir à óbito”, explica o pediatra.
Diante dessas constatações, a SBP recomenda expressamente que os pais, responsáveis e cuidadores de crianças e adolescentes com a Síndrome reforcem as medidas de prevenção ao novo coronavírus, sobretudo o isolamento social, uso de máscara, lavagem adequada das mãos e respeito total às demais normas de higiene.
IMUNIZAÇÃO – Na avaliação do dr. Salmo Raskin, nesse primeiro momento, as vacinas desenvolvidas para a Covid-19 não estão recomendadas para pessoas da faixa etária pediátrica que possuem a Síndrome, principalmente porque – em nenhuma das opções apresentadas até hoje – foram realizados testes expressivos de eficácia e segurança com foco nesse grupo específico.
“A gente não pode vacinar as crianças e adolescentes com Síndrome de Down sem resultados científicos a respeito do desempenho dessas imunizações quando direcionadas a esses pacientes”, frisa. Por outro lado, aponta, aqueles com a Síndrome e com mais de quarenta anos precisam ser incluídos no grupo de pacientes com prioridade para receber a vacina. No Reino Unido, o grupo já foi incluído à lista de pessoas clinicamente mais vulneráveis que devem ser protegidas da exposição ao novo coronavírus.
CAUSAS - Os pesquisadores suspeitam que anormalidades imunológicas de fundo, combinadas com cópias extras de genes-chave em pessoas com Síndrome de Down – que têm três cópias do cromossomo 21, em vez das duas habituais – as tornam mais vulneráveis às formas graves da Covid-19. A anatomia típica desses pacientes, incluindo línguas grandes, mandíbulas pequenas e amígdalas e adenoides relativamente grandes, junto com o tônusmuscular da garganta frouxo, ajuda a explicar sua maior taxa de infecções respiratórias em geral. Mas a genética também pode torná-los particularmente suscetíveis ao novo coronavírus.
“As anormalidades do sistema imunológico provavelmente aumentam o risco, uma vez que, por condições genéticas, as células das pessoas com Síndrome de Down atuam contra infecções virais de modo diferente. Apesar de todos os detalhes desse processo não estarem compreendidos, já é possível indicarmos que essas diferenças imunológicas colocam esses pacientes em desvantagem no combate à infecção por Covid-19”, finaliza o dr. Salmo Raskin.
*Com informações do portal Sciencemag.org, da American Association for the Advancement of Science
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