Terminou na última quarta-feira (11), em Brasília (DF), o workshop “Atualizações em manejo clínico do COVID 19”. Do evento, organizado pela Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), participaram os presidentes dos Departamentos Científicos de Infectologia e Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dr. Marco Aurélio Sáfadi e dr. Renato Kfouri, respectivamente, que apresentaram contribuições ao documento que deverá balizar o manejo clínico da doença no Brasil.
Ao final do evento, o grupo de especialistas trabalhou no desenvolvimento de protocolos de manejo clínico a serem aplicados aos cuidados de crianças, gestantes, adultos e idosos. Na ocasião, os especialistas de várias entidades nacionais e internacionais foram divididos em grupos para fazer os debates e a elaborar um protocolo de assistência e atendimento para cada uma das faixas etárias.
“A participação da SBP no evento foi importante, contribuindo com a elaboração do documento, tanto nas recomendações quanto nos debates promovidos”, declarou dr. Marco Aurélio Sáfadi.
Conforme explica o infectologista, o grupo que abordou a faixa etária pediátrica discutiu as características dessa doença nessa população. Dr. Marco Aurélio ressaltou que uma das características que mais nos tem chamado a atenção é a ausência de mortalidade e as pequenas taxas de hospitalização observadas em crianças. “Eles raramente necessitam hospitalização , ou seja, há um comportamento muito mais brando da infecção pelo SARS-CoV-2 em crianças, quando comparado a outras faixas etárias, em particular os idosos”, diz.
No entanto, o pediatra também enfatizou que as crianças geralmente funcionam como veículo de transmissão do vírus. “Apesar de ainda não termos dados concretos sobre a dinâmica da transmissão do coronavírus em crianças, supomos que elas possam desempenhar um papel importante na cadeia e na dinâmica de transmissão e, dessa forma, elas merecem uma atenção especial”, explicou.
No grupo de discussão e criação do protocolo da faixa etária pediátrica, além da SBP, estiveram presentes representantes da Sociedade Argentina de Pediatria, Sociedade de pediatria do Panamá, especialistas da Rede de Atenção Primária à Saúde e representante do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde, entre outros.
APRENDIZADO – Segundo dr. Marco Aurélio, uma das lições aprendidas com a pandemia do coronavirus no mundo é que medidas restritivas devem ser colocadas em prática em momentos oportunos para que, assim, haja uma diminuição no pico de casos, evitando, portanto a sobrecarga dos sistemas de saúde.
“A China o Japão e outros países são bons exemplos de nações que tomaram as medidas preventivas, de contenção e mitigação de maneira exitosa. Na China, já foi declarado que houve o fim do pico da doença e no Japão, onde foram implementadas medidas severas desde o começo, a doença não teve uma progressão importante e eles estão conseguindo atravessar esse cenário epidemiológico de uma maneira menos intensa – se comparamos a outros países”, exemplificou.
PREVENÇÃO – As medidas preventivas são ações adotadas pelo governo que visam minimizar o impacto da doença na população. Entre elas, estão o cancelamento ou adiamento de grandes eventos esportivos e de entretenimento, de reuniões que possuam grande aglomeração de pessoas; a interrupção de aulas em escolas e universidades; o incentivo ao home office; entre outras.
Além disso, é importante também que haja um reforço na prudência dos hábitos do cotidiano tanto da higienização frequente das mãos, da etiqueta da tosse como isolamento domiciliar daqueles indivíduos que estiverem com suspeita e com casos de doença.
TRANSMISSÃO – “Todas essas medidas são norteadas pelas características de transmissão do vírus na comunidade. Atualmente, na maioria dos estados brasileiros estamos vivendo uma situação em que ainda conseguimos identificar a origem da infecção dos casos como "importados". Geralmente é um indivíduo que viajou ou que teve contato com quem viajou e essa é a fase inicial”, declarou o presidente do DC de Imunizações, dr. Renato Kfouri.
Conforme explicou, há ainda uma segunda fase (transmissão local), que é quando não se consegue mais estabelecer um vínculo dos casos com viagens, o que chamamos de transmissão autóctone ; a terceira fase (transmissão sustentada) é quando é possível perceber um número grande, exponencial, de infecções que são reconhecidas sem que haja a identificação de uma fonte; momento em que ocorre a restrição de circulação das pessoas.
“Algumas das medidas restritivas já precisam ser implementadas na fase de transmissão local e elas precisam ser mais firmes ainda quando chegamos ao momento da terceira fase, de transmissão sustentada, comunitária . A tendência é que, cada vez, ocorram mais casos de transmissão local, como recentemente no Rio de Janeiro”, concluiu.
Confira todas as orientações da SBP sobre a COVID-19 em https://www.sbp.com.br/especiais/covid-19/
PED CAST SBP | "Neuroblastoma"
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