Crise interrompe a queda da mortalidade infantil, alertam especialistas

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) acompanha o processo de fechamento da taxa global de mortalidade infantil ajustada do País em 2016, que está sendo conduzido pelo Ministério da Saúde. Somente após esse trabalho, será possível saber qual o índice exato, mas, de acordo com análises preliminares feitas com base nos dados brutos, a tendência é de aumento.

Na segunda-feira (14), o jornal Valor Econômico publicou reportagem a partir de relatório preparado pelo Observatório da Criança e do Adolescente, mantido pela Fundação Abrinq, que teve acesso às informações. Pela análise não oficial, espera-se uma piora na taxa: de 12,4 óbitos por mil nascidos vivos, em 2015, para 12,7 mortos em mil nascidos vivos, em 2016.

A confirmação desse número encerra um ciclo positivo de mais de uma década. De acordo com a reportagem publicada, na faixa de crianças entre um mês e quatro anos, o número de óbitos aumentou 11% no País em relação a 2015, após 13 anos de queda. Apenas Rio Grande do Sul, Sergipe, Paraíba e Distrito Federal tiveram redução nesta faixa etária. Em alguns locais, como Roraima, o número mais do que dobrou.

O número de mortes entre 1 mês de vida e um ano de idade também teria aumentado no País em 2016, mas menos, cerca de 2%. Como as mortes neonatais (até um mês) continuam caindo, o número total de mortes entre zero e cinco anos não subiu, mas o ritmo de redução desacelerou.

Independentemente dos números, a SBP tem se manifestado firmemente junto ao Ministério da Saúde e outros órgãos do Governo cobrando providências para melhorar a qualidade da assistência para crianças e adolescentes. As reivindicações, que incluem ampliação da oferta de leitos, a melhoria da infraestrutura de trabalho e a valorização do papel do pediatra no atendimento, foram entregues ao gabinete do Ministro. No envio, a Sociedade já alertava para as sérias consequências decorrentes. A SBP aguardará a divulgação dos números oficiais para novamente manifestar-se.