Curso internacional que capacita pediatras em epilepsia terá duas novas edições em 2019 no Brasil

Duas novas edições do curso Pediatric Epilepsy Training (PET, em inglês), que visa o treinamento de pediatras em epilepsia, ocorrerão em 2019: a primeira acontecerá em Cuiabá (MT), em março; e a segunda será realizada em abril na cidade de Petrolina (PE), com o apoio da Sociedade de Pediatria de Pernambuco (Sopepe).

O curso –  desenvolvido pela British Pediatric Neurology Association (BPNA) é baseado em aulas teóricas e workshops e capacita 32 profissionais por edição. “Há mais de 10 anos, quando os britânicos perceberam que a maioria das crianças com epilepsia eram atendidas por pediatras e não por neuropediatras com formação específica para a condução desses pacientes, resolveram criar o PET para treinamento de pediatras e, assim, melhorar o nível de assistência primária e secundária às crianças com epilepsia”, explica dra. Marilisa Guerreiro (Unicamp), coordenadora dos cursos PET no Brasil.

PREVALÊNCIA - De acordo com dra. Marilisa, no Brasil, estima-se que um total de cerca de mil neuropediatras, que recebem boa formação em epilepsia, e ao menos 17 mil pediatras com capacitação insuficiente durante a residência médica. Para ela, esses números mostram a necessidade de que um curso como PET seja difundido e que possa atingir todas as regiões do nosso país, inclusive por conta da prevalência da doença, que atinge de 1 a 2% da população.

“Praticamente todos os pediatras acabam se deparando com esses casos para os quais a sua formação muitas vezes foi insuficiente. A ideia do PET é preencher essa lacuna de formação do pediatra geral. Melhorando a capacitação profissional há melhora também no nível assistencial, o que já foi mensurado e demonstrado na Grã-Bretanha”, destaca.

CAPACITAÇÃO – O PET foi desenvolvido pela BPNA, mas recebeu o endosso formal da ILAE (International League Against Epilepsy). O curso já foi implantado em outros países de língua inglesa, como Índia e Nova Zelândia, e em outros onde a comunidade médica utiliza o inglês como língua oficial, como África do Sul, Arábia Saudita, Sudão, Emirados Árabes Unidos, Quênia, Gana, Tanzânia e Uganda.

“No Brasil, o capítulo da ILAE chama-se LBE (Liga Brasileira de Epilepsia). É em nome da LBE que estamos implantando o PET aqui. No Brasil, em julho deste ano, foi lançado o PET1, totalmente traduzido para o português. Os demais módulos ainda não foram traduzidos. Está em andamento a tradução do PET1 para o espanhol para permitir a implantação do curso em países da América Latina”, acrescenta dra. Marilisa.

A coordenadora adianta que o PET1 em português será levado em setembro de 2019 para Angola, por solicitação da ILAE e da ICNA (International Child Neurology Association). Segundo relatou, em junho desse ano, cinco profissionais da BPNA vieram à São Paulo e treinaram sete neuropediatras com expertise em epilepsia, que são chamados de epileptologistas. “O PET1 já foi ministrado em São Paulo quando fomos supervisionados pelo staff da BPNA. Poucos meses depois ministramos o PET1 para 32 participantes no Recife”, comemora.

MÓDULOS – Voltado aos pediatras em todos os níveis, sejam residentes ou especialistas, o PET é composto por três módulos: o PET1, que trata de forma abrangente vários temas, tais como diagnóstico diferencial entre crises epilépticas e não-epilépticas, o que são e como conduzir crises epilépticas e crises febris; e as primeiras noções terapêuticas em situação aguda e crônica; PET2, que aprofunda os aspectos do diagnóstico e o tratamento em crianças mais jovens; e o PET3, com aprofundamento dos mesmos aspectos em crianças mais velhas e adolescentes.

O PET1 tem a duração de aproximadamente 9 horas (das 8h às 17h) e é ministrado em um único dia. Os outros dois módulos (PET2 e PET3) são ministrados em dois dias subsequentes cada um deles, ou seja, tanto o PET2 quanto o PET3 têm a duração de dois dias cada um. Ao final do treinamento, o participante receberá um certificado internacional emitido pela BPNA.