Dalva Coutinho Sayeg, uma vida dedicada à pediatria social (1928/2010)

Faleceu ontem, no Rio de Janeiro, a pediatra Dalva Sayeg. O velório se realiza hoje, na Capela 9 do Cemitério São João Batista (Rua Real Grandeza s/nº – Botafogo – RJ) e o  sepultamento ocorre às 15 horas. Nascida em 13 de setembro de 1928, em Minas Gerais, dra. Dalva formou-se em 1954 pela Universidade …

Faleceu ontem, no Rio de Janeiro, a pediatra Dalva Sayeg. O velório se realiza hoje, na Capela 9 do Cemitério São João Batista (Rua Real Grandeza s/nº – Botafogo – RJ) e o  sepultamento ocorre às 15 horas.

Nascida em 13 de setembro de 1928, em Minas Gerais, dra. Dalva formou-se em 1954 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e fez especialização no Hospital dos Servidores. Em 1961, cursou Pós-Graduação na Escola Nacional de Saúde Pública, especialidade de sanitarista, complementada depois com o curso de Higiene Materna e da Infância-Puericultura. Ampliou seus conhecimentos  também na Pós-Graduação da PUC-RJ, em curso de Especialização em Planejamento, Organização e Administração de Hospitais. No exterior, estudou nos Estados Unidos, França, Argentina,  México e Portugal.

Sua trajetória profissional sempre esteve ligada ao serviço público e às ações básicas de saúde. Foi diretora do antigo Departamento Nacional da Criança onde, em 1973, criou o Programa de Saúde Materno-Infantil, que era “abrangente”, tratava “a criança, o adolescente, a gestante, o natal e o pré-natal, o puerpério” e foi “incluído no I Plano Nacional de Desenvolvimento (PNUD)” – um fato histórico e inédito, segundo informou, em depoimento ao jornalista Glauco Carneiro, para o Livro “Um compromisso com a esperança. História da Sociedade Brasileira de Pediatria” (SBP e Expressão e Cultura, 2000). “Começamos a estabelecer um programa para todo o país, realizando seminários em macrorregiões, divulgando a proteção materno-infantil. (…) Criamos um indicador, um critério que era diretamente proporcional à população de menores de cinco anos, à mortalidade infantil e inversamente proporcional à renda per capita. (…) Essa estrutura durou até 1975, quando o Ministério da Saúde foi para Brasília. Não pude ir, mas fiquei como assessora até 1978”.

Posteriormente, dra. Dalva deixou o Ministério da Saúde, e foi dirigir o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), da UFRJ: “Levei comigo e apliquei todas as minhas ideias sociais por excelência, como meu trabalho na Funabem, no Departamento Nacional da Criança. Criamos lá o Programa Integrado de Saúde Materno-Infantil e Familiar” (…) e a Creche Universitária, também um “local social, porque a mãe estudante vai trabalhar”, disse também a Glauco Carneiro. Hoje a intitulada “Escola de Educação Infantil Pintando a Infância” oferece 100 vagas para crianças de 0 a 6 anos, filhos e dependentes dos servidores da Universidade.

Muito atuante também no movimento associativo, Dalva foi coordenadora do Grupo de Trabalho de Ensino da Pediatria/ Graduação, no triênio 1998/2000, durante a gestão do presidente Lincoln Freire. Sempre apostando nas boas práticas, salientou, também ao jornalista Glauco: “Vivemos um tempo de mudanças, na área da saúde, da educação, e principalmente no ensino de medicina. Nós, da SBP, queremos formar um profissional médico muito voltado para o social, não desfazendo da tecnologia, que é imprescindível. Mas, indo além de todo esse avanço científico e tecnológico, queremos também um reforço àquela postura social, ética, humana, de ver a criança como um ser integral na família e na comunidade”.

Na Academia Brasileira de Pediatria (ABP), dra. Dalva era titular da cadeira nº 15 e foi secretária, assumindo em 2006, a convite e sob a presidência do dr. Reinaldo Martins. Na verdade, como ela própria definiu: “Nunca houve uma gestão mais recente da SBP em que estivesse fora. Ora estou num departamento, ora noutro. Há uma linha de continuidade filosófica”, assinalou.

Em 1985, Dalva Sayeg recebeu da Assembleia Legislativa o título de Cidadã do Estado do Rio de Janeiro. Era era viúva do cardiologista e  pesquisador Mário Antônio Sayeg, falecido em outubro de 2007. Deixa as filhas Maria Amélia e Maria Beatriz, seis netos, e muita saudade.