Departamento de Neonatologia da SBP divulga documento com recomendações para alta hospitalar do recém-nascido

A definição do tempo de permanência hospitalar do recém-nascido permanece controversa e muito variável entre os sistemas de saúde de diferentes países. Para orientar os pediatras a respeito de como proceder segundo as melhores evidências da literatura médica, o Departamento Científico de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou nesta semana um novo documento com foco no tema.

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De acordo com a publicação, é fundamental assegurar que os hospitais-maternidades desenvolvam práticas clínicas efetivas e que as mães e os recém-nascidos permaneçam internados tempo suficiente para se beneficiar desses protocolos. A SBP alerta para os perigos da permanência hospitalar inferior a 48 horas após o nascimento, uma vez que deve ser assegurado o cumprimento dos parâmetros mínimos de atendimento.

AVALIAÇÃO – De modo geral, os critérios para a alta incluem a avaliação da estabilidade fisiológica da criança e de sua mãe; prontidão e aptidão familiar para continuar os cuidados ao recém-nascido, agora em família; disponibilidade de redes de apoio; e acesso aos sistemas de saúde, após a alta. Entre os aspectos fisiológicos que precisam ser verificados, constam:

  • Monitoramento da amamentação para a prevenção de perda excessiva de peso acompanhada de desidratação, hiperbilirrubinemia e desmame precoce;
  • Abordagem de fatores de risco maternos para a sepse neonatal precoce em recém-nascidos assintomáticos;
  • Triagem de distúrbios metabólicos na presença de fatores de risco maternos ou neonatais;
  • Revisão da história gestacional e das sorologias para infecções congênitas;
  • Realização de testes universais de triagem neonatal;
  • E revisão do exame físico e clínico evolutivo do recém-nascido.

Nesse contexto, o Departamento Científico de Neonatologia da SBP elencou 23 tópicos sensíveis que devem ser observados pelo pediatra e equipe de assistência para garantir adequada prática clínica pré-alta, assim como a continuidade do cuidado hospitalar à atenção ambulatorial.

O texto pondera ainda que o melhor momento da alta deve ser uma decisão construída ao longo do período de internação, pelo pediatra, obstetra e equipe multiprofissional; e sempre compartilhada com a mãe, o pai e a família, já anteriormente, no pré-natal, quando o pediatra tem oportunidade de avaliar riscos.

DURANTE A PANDEMIA – O documento ressalta também que não existem evidências que justifiquem alterar os protocolos clínicos de alta hospitalar do recém-nascido termo e potencialmente saudável, durante a pandemia de Covid-19. Os cuidados neonatais devem ser mantidos com a readequação dos fluxos assistenciais para atender as medidas de proteção e também de isolamento em caso de mãe doente.