O Dia Mundial da Obesidade é comemorado em 4 de março. Em alusão à data, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lança nesta semana uma nota especial sobre o tema. O documento, elaborado pelo Departamento Científico de Endocrinologia da entidade, visa aumentar o debate a respeito dessa doença crônica e complexa, bem como enfrentar o estigma social que recai sobre os pacientes.
Conforme sintetiza a publicação, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relatam que, em todo o mundo, a população com obesidade, na faixa etária entre cinco e 19 anos, aumentou dez vezes na última década. “Se nada for feito, estima-se que a prevalência chegue a 254 milhões de crianças e adolescentes em 2030. Nesse mesmo ano, a perspectiva é que o Brasil ocupe o quinto lugar neste ranking”, alerta o texto.
Na avaliação da SBP, é indispensável orientar pediatras, pais e responsáveis sobre medidas simples, porém eficazes, que auxiliam na prevenção da obesidade infantil, uma vez que a obesidade iniciada na infância pode persistir durante a vida adulta. “Cerca de 50% dos adolescentes com obesidade permanecerão acima do peso quando adultos, aumentando o risco de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes melito tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia, síndrome metabólica e alguns tipos de câncer”.
ALIMENTAÇÃO — Entre as recomendações alimentares fundamentais para prevenir a obesidade, algumas podem ser adotadas logo no início da vida do paciente pediátrico, como:
· Durante a gestação, realizar consultas obstétricas e pediátricas pré-natais para avaliar e monitorar a saúde da mãe e do bebê;
· Manter o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida do bebê e junto com os demais alimentos complementares até os dois anos de vida ou mais;
· E, após o início da alimentar complementar, estimular o consumo de alimentos naturais, entre eles: frutas, legumes, verduras, carnes magras, cereais integrais e leite.
O documento também enfatiza a necessidade de acompanhar os hábitos alimentares de maneira responsável e atenta, ao longo das diferentes fases do desenvolvimento. Algumas das dicas nesse sentido incluem: reconhecer os sinais de saciedade da criança e não exigir a ingestão completa dos alimentos; calcular a quantidade adequada a ser oferecida em cada refeição; não oferecer alimentos em resposta a qualquer tipo de choro da criança; não deixar “pular” uma refeição, nem a substituir por lanche; evitar o consumo de alimentos ultraprocessados e de alta densidade calórica; e mais.
COMPORTAMENTO - A importância de estabelecer uma rotina de atividade física consistente, de sono saudável e de uso consciente dos dispositivos eletrônicos — sempre de acordo com os parâmetros adequados a cada faixa etária — também aparece em destaque na nota da SBP. A utilização de telas, por exemplo, deve ser limitada ao máximo de duas ou três horas por dia, excetuando o tempo gasto com atividades escolares.
“As consultas pediátricas também são uma oportunidade de acompanhar o paciente. Ao colocar suas informações em gráficos, o pediatra pode identificar o padrão de crescimento, reconhecendo precocemente desvios a serem corrigidos. Além disso, as consultas são importantes para a educação da família. Em conclusão, a prevenção da obesidade infantil é possível, se houver um esforço conjunto de todos, incluindo parentes próximos, rede de saúde, escola, órgãos governamentais e outros atores desse processo”, finaliza o documento.
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