Crésio Alves*
O 14 de novembro marca o Dia Mundial do Diabetes, em memória ao aniversário de Frederick Banting que, juntamente com Charles Best, descobriu a insulina, em 1923. Atualmente, esse dia é comemorado em mais de 160 países. A data foi definida pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), entidade vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1991.
Em 2007, a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a Resolução nº 61/225, considerando o Diabetes um problema de saúde pública e conclamando os países a divulgarem esse dia como forma de alerta e orientando os governos a definirem políticas e suporte adequados para os portadores da doença. Também em 2007 entrou em vigor, no Brasil, a Lei nº 11.347/2006, de autoria do senador José Eduardo Dutra, que dispõe sobre a distribuição gratuita de medicamentos e materiais necessários à sua aplicação, para o tratamento de portadores de diabetes.
O símbolo global do Dia Mundial do Diabetes é o círculo azul. O círculo simboliza a vida e a saúde, e o azul reflete o céu que une todas as nações. A junção do círculo com a cor azul significa a unidade da comunidade global em resposta à epidemia do diabetes e funciona como um estímulo para a união da luta de controle da doença em todas as nações. Nesse dia, monumentos em todo o mundo são iluminados de azul para chamar a atenção para esse problema.
Os objetivos do Dia Mundial do Diabetes são: alertar para o impacto do Diabetes, estimular políticas públicas que favoreçam e possibilitem aos portadores da doença viver mais e melhor, promover o diagnóstico precoce e orientar sobre formas de tratamento adequado.
Essas ações são uma resposta ao alarmante crescimento da doença. Atualmente, cerca de 371 milhões de pessoas em todo o mundo e 13,4 milhões de pessoas no Brasil (6,4% da população adulta), são portadoras de Diabetes. Em números absolutos, o Brasil ocupa o 4º lugar no mundo em número de diabéticos, só perdendo para: China (92,3 milhões), Índia (63 milhões) e Estados Unidos (26,4 milhões).
Na faixa etária pediátrica, segundo a IDF, o Diabetes Melito tipo 1 vem aumentando 3% ao ano. Aumento semelhante também vem ocorrendo na prevalência do Diabetes Melito tipo 2 em crianças e adolescentes, devido à pandemia de obesidade e sedentarismo. Estudo multicêntrico realizado no Brasil sobre Diabetes Melito tipo 1 e publicado em 2012 mostrou: (1) Que 77,3% dos diagnósticos foram em crianças menores de 15 anos, com um pico entre 6-10 anos; (2) Que 47,5% dos pacientes em tratamento tinham hemoglobina glicada ≥ 9% (ideal ≤ 7%); (3) Que grande parte dos pacientes não eram triados para nefropatia e retinopatia; e (4) Que pacientes do Sul e Sudeste tinham um tratamento insulínico mais intensivo, mostrando uma importante diferença regional no cuidado desses pacientes.
A fim de promover esse dia, a cada ano o Dia Mundial do Diabetes seleciona um tema relacionado à doença. No Brasil, a organização do Dia Mundial do Diabetes, escolheu para 2015 o tema “Qualidade de vida e o diabetes”.
Temas anteriores do Dia Mundial do Diabetes foram:
-2002: Os olhos e o diabetes;
-2003: Diabetes e doença renal;
-2004: Lutar contra a obesidade previne o diabetes;
-2005: Diabetes e cuidado com os pés;
-2006: Diabetes entre os desfavorecidos e vulneráveis;
-2007-2008: Diabetes nas crianças e adolescentes;
-2009: Diabetes, educar para prevenir;
-2010: Vamos controlar o diabetes agora;
-2011: Aja pelo diabetes agora;
-2012-2013: Proteger nosso futuro;
-2014-2016: Vida saudável e diabetes.
O Dia Mundial do Diabetes é importante para que nós, médicos, em especial os pediatras, estejamos atentos aos sintomas iniciais do Diabetes Melito nas crianças e adolescentes (94% dos pacientes referem poliúria, polidipsia, polifagia ou perda de peso). Com isso, será possível efetuarmos um diagnóstico precoce e encaminharmos o paciente para acompanhamento por um endocrinologista pediátrico ou num centro de referência com atendimento multidisciplinar.
Tendo em vista as diferenças regionais, estaduais e municipais na qualidade da assistência ao diabético, é fundamental que a comunidade médica e a sociedade civil pressionem os governos no sentido de reforçar as políticas públicas de saúde relacionadas ao diabetes, para que esses indivíduos sejam adequadamente e gratuitamente tratados, em qualquer região ou cidade do Brasil.
*Crésio Alves é professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia e integrante do Departamento Científico de Endocrinologia da SBP
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