Neste 18 de fevereiro, o Brasil celebra pela primeira vez o Dia Nacional da Criança Traqueostomizada. Instituída no ano passado pela Lei nº 14.249/2021. A data tem como objetivo contribuir para a criação de políticas públicas para o cumprimento das recomendações oficiais sobre os cuidados e condutas diante das crianças traqueostomizadas, bem como auxiliar na organização de centros de referência e na contratação de profissionais especializados. Também visa conscientizar profissionais de saúde e famílias sobre direitos e cuidados com essas crianças. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) apoia todas as ações em prol da causa.
O dia coincide com a realização do 1º Consenso Brasileiro de Traqueostomia na Infância, publicado em 2017, pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), em parceria com a SBP. O documento traz recomendações nacionais sobre cuidados e condutas diante das crianças traqueostomizadas e serve como base para padronizar o tratamento desses pacientes.
“Há algum tempo a SBP já vem divulgando o consenso entre os pediatras associados. Além disso, nos congressos nacionais e cursos orienta os colegas sobre o acompanhamento das crianças traqueostomizadas, assim como divulga conhecimento sobre fluxo para acolhimento, acompanhamento e decanulação dessas crianças após a alta hospitalar”, explica a presidente do Departamento Científico de Otorrinolaringologia da SBP, dra. Renata Cantisani Di Francesco.
De acordo com o texto, estima-se que entre 0,5% e 2% das crianças submetidas à intubação orotraqueal prolongada necessitam de traqueostomia, a maioria delas menores de 1 ano de idade. Geralmente, esse procedimento é realizado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No entanto, após a alta hospitalar, um dos problemas comuns é a falta de destino para o acompanhamento médico da criança.
PANORAMA ATUAL – A especialista ressalta a importância da reabilitação da respiração dessas crianças em centros onde haja uma equipe multidisciplinar – composta de médicos pediatras, otorrinolaringologistas, cirurgião torácico, fonoaudiólogos e enfermeiros especializados – após retirada da traqueostomia e da cânula.
“Muitas vezes as crianças permanecem com a traqueostomia por meses e até anos. Nesse percurso, as famílias encontram inúmeras dificuldades no acompanhamento dessas crianças e, principalmente, desamparadas no manejo e nos cuidados diários. Há necessidade de aspiração da cânula, várias vezes ao dia, uma vez que o acúmulo de secreção pode ser fatal e a criança morre por asfixia”, diz dra. Renata.
O Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não consegue fornecer material necessário para os cuidados com esses pacientes, como cânulas de traqueostomia. Além disso, não há treinamento das equipes médicas e não médicas que prestam atendimento a esses pacientes.
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