Dia Nacional de Combate ao Fumo: “Precisamos atuar de forma efetiva e prática”, diz membro especialista da SBP

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma doença pediátrica, uma vez que a maioria dos fumantes se torna dependente antes dos 19 anos de idade. Para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo, lembrado neste 29 de agosto, a dra. Debora Chong, do Departamento Científico de Pneumologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), preparou um artigo especial para abordar a interface entre o tema e a infância.

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“O tabagismo durante a gravidez, o tabagismo passivo que atinge as crianças dentro de suas casas e o tabagismo iniciado na adolescência são assuntos urgentes e devem ser abordados com seriedade pelos pediatras em consultas médicas” destaca a autora. Segundo ela, a exposição ao fumo durante a infância traz consequências para a vida toda.

Segundo a especialista, fumar durante a gravidez, por exemplo, pode provocar abortos espontâneos, nascimentos prematuros, baixo peso, mortes fetais e natimortos. “O tabagismo materno foi o principal fator de risco para o declínio acelerado da função pulmonar em coortes acompanhadas até a vida adulta”, explica.

No texto, também são abordados os prejuízos causados à saúde da criança pela mãe fumante que está amamentando, causando intoxicações, vômitos e taquicardia. “Por passarem mais tempo expostas, especialmente quando o fumante é a mãe ou cuidador, as crianças são as mais afetadas pela fumaça do cigarro e são complemente impotentes para mudar esta situação”, diz ela, sugerindo que o tabagismo passivo em lactentes está associado a menor capacidade intelectual, maior risco de morte súbita e comprometimento imunológico.

De acordo com autora, famílias que convivem em aglomeração domiciliar, apresentam menor renda familiar e menor nível de escolaridade materna e paterna, compõem o perfil da exposição ao tabagismo passivo em nosso meio atualmente. “Estas crianças têm mais chances de idas ao pronto atendimento por quadros respiratórios agudos – como tosse, exacerbações de sibilância, otites, tonsilites e pneumonia – e maior necessidade de antibioticoterapia quando comparadas às não expostas”, observa a dra. Debora.

No artigo, a pediatra aborda ainda o crescente uso de sistemas eletrônicos de entrega de nicotina (ENDS), conhecidos como cigarros eletrônicos (e-cigs, e-cigarettes) que vêm ganhando adeptos em todo o mundo com uma velocidade assustadora, incluindo o Brasil, mesmo sendo proibida a sua comercialização. “Precisamos a atuar de forma efetiva e prática sobre esse tema”, frisa a autora, que disponibilizou também links de outros estudos sobre o tema, que servem de base para a consulta pediátrica e aprofundamento sobre os malefícios que o fumo produz.