“Diga não à violência!”: pediatras lançam campanha contra os maus tratos de crianças e adolescentes

Só é possível promover o desenvolvimento físico e psíquico saudável de uma criança e de um adolescente com bom cuidado, carinho, diálogo, estímulo e orientação dos pais e responsáveis. Esta é a mensagem que norteia a campanha “Diga não à violência”, promovida pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A iniciativa visa alterar um triste cenário do Brasil: a normalização da violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes.

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Em levantamento realizado em 2021, a SBP jogou luz nesse cenário e revelou um dado alarmante: pelo menos 103.149 crianças e adolescentes entre o nascimento e os 19 anos de idade foram mortos, vítimas de agressões, entre janeiro de 2010 e agosto de 2020, sendo que grande parte dos agressores eram pessoas da família ou próximas, que deveriam ter o dever de cuidar e proteger. A violência é uma das principais causas de morbimortalidade da população pediátrica no País.

“Diante dessa realidade, buscamos propor uma reflexão para os pais e responsáveis sobre a criança que foram um dia e a importância de repassar para os filhos atitudes que os fizeram evoluir, nunca as que lhes causaram sofrimento. A campanha alerta sobre as cicatrizes que as violências físicas e psíquicas deixam para toda a vida e o que deve ser feito diante dessas situações: orientar, tratar, proteger e denunciar”, afirma o presidente da SBP, dr. Clóvis Francisco Constantino.

Segundo a presidente do DC de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência da SBP, dra. Luci Pfeiffer, a campanha aborda a prevenção e o enfrentamento da violência intrafamiliar. Tem como focos principais o alerta sobre em que se constitui a violência praticada pelos pais ou responsáveis, seus danos, a orientação, o tratamento, a orientação e a denúncia, para o desencadeamento das medidas de proteção de direito das crianças e adolescentes.

“Esse é um tema que merece um olhar diferenciado dos pediatras, uma vez que as estatísticas mostram que a maior parte das violências na infância e grande parte das violências na adolescência acontecem dentro das casas, caracterizando a violência intrafamiliar e doméstica, onde as vítimas são reféns permanentes de seus agressores. O pediatra precisa estar atento aos sinais desta doença, insidiosa, crônica e progressiva, durante todas as consultas e atendimentos de seus pacientes”, frisa dra. Luci.

Ela orienta que frente à suspeita ou o diagnóstico de prática de violência contra a criança ou adolescente, seja ela física, psíquica ou sexual, o pediatra deve seguir a avaliação do caso, orientar a família, tratar e acompanhar a vítima, encaminhar os agressores para tratamento, quando passíveis de tratamento e, fazer a Notificação Obrigatória.

CAMPANHA – Para alertar os pediatras e a população sobre a prevenção e enfrentamento das violências contra crianças e adolescentes, foram criadas mensagens de alerta a serem divulgadas por meio das redes sociais, com informações e orientações sobre como proceder.

O Ped Cast SBP trará um podcast especial sobre o tema, com orientações aos pais e responsáveis sobre os traumas causados às crianças e adolescentes vítimas de agressões físicas ou psíquicas. Também está previsto um episódio do Famílias em Pauta sobre o tema, que será gravado e exibido no mês de maio. Um documento científico voltado aos pediatras, com orientações sobre como proceder durante as consultas ao detectar um caso de violência intrafamiliar. 

“Para que a iniciativa alcance seus objetivos – a prevenção, a interrupção e o tratamento da violência contra crianças e adolescentes - vamos juntos nessa missão, pediatras e população. Compartilhe o conteúdo em suas redes sociais e nos ajude a espalhar essa importante mensagem a todo o Brasil. Toda criança e adolescente merece crescer em um ambiente saudável, de amor, carinho, respeito, estímulos e proteção a seu desenvolvimento, e, com os melhores cuidados”, conclama a dra. Luci.