Em função da pandemia de COVID-19, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) promoveu pela primeira vez em sua história uma reunião virtual com a participação dos 27 presidentes das filiadas estaduais da entidade. Durante o encontro online, realizado na última sexta-feira (13), cada líder teve a oportunidade de compartilhar ações e trocar experiências de gestão, com ênfase no gerenciamento desenvolvido nos últimos meses para auxiliar os pediatras brasileiros a enfrentar o novo coronavírus.

Antes do início das explanações, a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, que conduziu o andamento da reunião em conjunto com a diretoria-executiva, destacou que o País enfrenta um momento extremamente difícil e, para atravessar a atual crise, é fundamental unir esforços e investir em iniciativas de solidariedade.

Em suas considerações, ela apresentou ainda a nova campanha encampada em parceria pela SBP, Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com foco na imunização de crianças e adolescentes durante a pandemia. “Em 2020, não atingimos as metas de cobertura vacinal em muitos estados. Essa nova campanha visa justamente alertar as famílias e os gestores sobre a importância desses índices voltarem a subir. A vacinação é uma medida de prevenção indispensável, inclusive durante a pandemia. Precisamos ecoar esse recado”, afirmou.

DEFESA PROFISSIONAL – Durante a reunião, ganharam destaque os sucessivos ataques à Lei nº 12.842/2013 (Ato Médico), que vem sendo desrespeitada em diversas localidades do Brasil. Segundo expôs o presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), dr. Sérgio Amantea, a Secretaria de Saúde de Porto Alegre publicou uma portaria autorizando o chamado “Protocolo Assistencial de Enfermagem para o município”.

“Na prática, a medida dá autonomia para que enfermeiras da rede básica atuem na assistência de algumas situações clínicas. Isso é um desrespeito flagrante ao Ato Médico. Os pediatras respeitam a enfermagem, mas não podemos permitir essa invasão de competências. Já entramos com mandado de segurança contra a Prefeitura, cobrando que sejam observadas as nossas prerrogativas como especialistas da infância e adolescência”, disse.

A presidente da Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape), dra. Dolores Fernandez, também citou a invasão da pediatria por outras especialidades em seu estado. “Estamos vendo nossos espaços sendo cerceados. Cada vez mais chegam casos críticos nos serviços especializados em função do péssimo atendimento ofertados às crianças e aos adolescentes na Atenção Básica”, comentou.

No Mato Grosso, de acordo com o coordenador da Rede de Pediatria da SBP, dr. Rubem Couto, desde o agravamento da pandemia no estado, os problemas têm sido concentrados no fechamento de leitos das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) pediátricas e na transferência de pediatras sem justificativa plausível.

Segundo relembrou a dra. Luciana Silva, a luta de todas essas filiadas foi apoiada pela SBP em comunicados públicos. Além disso, esses e outros desafios, cujo enfrentamento também passa por um alinhamento com a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) em nível federal, serão discutidas pela SBP junto ao Ministério da Saúde. Na última semana, a entidade solicitou reunião oficial com o órgão.

COMBATE À COVID-19 – Durante a reunião, também foram debatidas as ações elaboradas no contexto de combate à pandemia. A presidente da Sociedade Sergipana de Pediatria (Sosepe), dra. Ana Jovina, apresentou um e-book, elaborado com linguagem lúdica e acessível, para orientar as famílias e crianças sobre prevenção, sintomas, atendimento e vacinas em tempos de coronavírus.

Já a Sociedade Espiritossantense de Pediatria (Soespe) priorizou as doações de mantimentos para a população local que foi impactada com a redução de proventos. No Rio de Janeiro, São Paulo e Pará, os esforços das entidades estaduais tiveram como foco a qualificação profissional dos pediatras, por meio da promoção de diversas webconferência e aulas virtuais sobre temas relacionados à saúde da criança e do adolescente.

A Sociedade Cearense de Pediatria (Socep), com a participação dos membros dos Departamentos Científicos da SBP, produziu o “Congresso Cearense de Pediatria Covid-19”. O evento, totalmente gratuito e online, trouxe as abordagens e condutas mais atualizadas sobre os assuntos associados à pandemia de Covid-19.

Os representantes das filiadas do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Acre, também parabenizaram a SBP pela eficaz e profícua produção científica. De acordo com os pediatras, de modo geral, os manuais de orientação, notas de alerta e demais documentos divulgados semanalmente têm norteado a assistência dos médicos em todo o Brasil.

OUTRAS AÇÕES – Na ocasião, a presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria (SPP), dra. Kerstin Abagge, anunciou também a ampliação da campanha “Image Gently”, promovida em âmbito nacional com apoio da SBP. Segundo a especialista, a nova fase da iniciativa tem o objetivo de alertar sobre a necessidade de proteção radiológica de crianças e adolescentes em meio à pandemia, momento no qual os exames de imagem, como o raio-X, têm sido solicitados com mais frequência.

Na oportunidade, a coordenadora do Programa Nacional de Educação Continuada (Pronap), dra. Fernanda Ceragioli, informou ainda que o primeiro fascículo do novo ciclo (nº XXII) já foi enviado a todos os participantes do curso e que os fascículos dois e três já estão na gráfica, em processo de finalização para posterior postagem.

Além disso, a coordenadora do Curso de Aprimoramento em Nutrologia Pediátrica (CANP), dra. Virgínia Weffort, adiantou que estão sendo executados testes para avaliar a viabilidade da realização de edições do CANP por ferramentas de educação à distância (EAD). Na avaliação da especialista, a expectativa é que as novas aulas, ampliadas e remodeladas, estejam disponíveis ainda neste ano.