Para pais e pediatras, uma excelente notícia. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) acaba de lançar suas Diretrizes para o manejo da infecção do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) – 2017. Trata-se de um documento formato por cinco Departamentos Científicos da entidade - Cardiologia, Imunizações, Infectologia, Neonatologia e Pneumologia - que juntaram forças para oferecer aos profissionais e aos familiares dos pacientes as respostas para inúmeros aspectos relacionados a esse problema de saúde.
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As infecções respiratórias agudas de vias aéreas são responsáveis, na pediatria, por um grande número de atendimentos, visitas a serviços de emergência e hospitalizações. O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é o principal agente causador dessas infecções em lactentes jovens, com grande impacto na saúde dos mesmos em curto e em longo prazo.
O VSR é um vírus causador de infecção aguda do trato respiratório em indivíduos de todas as idades. A maioria das crianças é infectada no primeiro ano de vida e, virtualmente, todas as crianças serão expostas ao vírus até o final do segundo ano de idade, com reinfecções durante toda a vida. Embora de ocorrência universal, esse tipo de vírus ganha maior importância quando acometem prematuros, portadores de cardiopatias congênitas e de doença pulmonar crônica da prematuridade, grupos considerados mais vulneráveis.
PROFILAXIA - Com sazonalidade marcada e variando das formas leves, assintomáticas, até graves, com comprometimento do estado geral e insuficiência respiratória, o VSR não conta com um tratamento específico, mas as medidas de suporte são sempre recomendadas para prevenir o aparecimento de novos casos e aumentar o controle da infecção.
De acordo com o documento científico produzido pela SBP, a profilaxia com o anticorpo monoclonal específico, o palivizumabe, é capaz de prevenir formas graves da doença e vem sendo recomendada através de diferentes esquemas em diversos países. O desfecho clínico considerado na profilaxia é a redução das taxas de hospitalização, porém, considerando-se seu elevado custo, os especialistas discutem em relação às diretrizes de sua utilização.
As Diretrizes lançadas são de relevância para os pediatras, pois atualizam os conceitos sobre a doença, sua epidemiologia, quadro clínico e consolida as indicações de tratamento. O texto traz faz ainda uma síntese sobre questões relacionadas ao diagnóstico da bronquiolite, que deve ser basear na observação clínica, a partir de sinais e sintomas, sem indicação rotineira de testes específicos de detecção viral, conforme já preconiza a Academia Americana de Pediatria (AAP).
Contudo, alerta a SBP, em determinadas situações e com uso de diferentes métodos, a detecção da etiologia da infecção respiratória pode ser importante. Entre os contextos que pedem esse tipo de procedimento estão os casos em pacientes imunocomprometidos e com formas de apresentação grave da doença ou nas situações onde é preciso guiar a terapia antiviral específica; reduzir o uso inapropriado de antimicrobianos; proporcionar vigilância; estabelecer medidas de isolamento hospitalar; e diminuir custos hospitalares.
CUIDADOS - Sem terapêutica específica disponível que abrevie o curso e a resolução dos sintomas, o tratamento, portanto, é de suporte e geralmente os pacientes apresentam boa evolução. Os cuidados em residência devem ser recomendados, orienta a SBP, que no documento pede a adoção de medidas simples pelos pais e responsáveis, como fazer higiene das mãos com água e sabão e ou álcool a 70%; evitar expor à criança ao fumo; manter a alimentação normal para a idade da criança, fazer higiene da cavidade nasal com solução salina e somente usar antitérmicos se for necessário. Em caso de dúvidas ou se sinais de alerta presentes, o médico deve ser acionado.
Para essa situação, a hospitalização é recomendada apenas após o surgimento de sinais como episódios de apneia; piora do estado geral (hipoativa, prostrada, acorda apenas com estímulos prolongados); desconforto respiratório (gemência, retração torácica, cianose central, etc); e em bebês prematuros, especialmente com menos de 32 semanas. Também devem ser avaliados com essa possibilidade: casos com paciente com condição social ruim, com dificuldade de acesso ao serviço de saúde se houver piora clínica; e com os pais sem capacidade ou confiança para identificar os sinais de alerta.
Além disso, as Diretrizes para o manejo da infecção do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) – 2017 chamam a atenção para as medidas de controle da transmissão em decorrência de sua alta transmissibilidade. O VSR representa uma séria ameaça à ocorrência de surtos em ambientes hospitalares, particularmente em unidades de terapia intensiva neonatal, unidades de oncologia e de transplantes, unidades de idosos e de pacientes de risco, associando-se a significativo aumento da morbidade e da mortalidade, merecendo a implementação de práticas preventivas rigorosas nos hospitais.
COMUNIDADES - Para os especialistas, cuidados para controlar a infecção não devem ficar restritos ao ambiente hospitalar, mas também serem divulgados junto às comunidades. Um dos caminhos sugeridos é o reforço da orientação dos pais e dos cuidadores a respeito da importância de tentar minimizar o risco de exposição e transmissão do VSR. As recomendações básicas enfatizam a importância de medidas como a lavagem frequente das mãos, além de limitar, quando possível, a exposição da criança a ambientes com elevado risco de contágio, como creches e escolas maternais, assim como evitar o contato com pessoas com doença respiratória aguda.
Como os lactentes jovens (principalmente com menos de 6 meses de idade), compõem o grupo mais susceptível a apresentar doença grave pelo VSR e suas complicações, outra sugestão é retardar a entrada em creches durante a sazonalidade do vírus. De acordo com o documento da SBP, estudos demonstram que em lactentes que foram hospitalizados por VSR, a principal fonte de infecção foi o irmão mais velho ou os pais dos lactentes. Além disso, locais aglomerados, como supermercados, shoppings centers, clubes, etc., devem ser evitados, pois constituem ambientes de risco para aquisição de doenças virais.
Estes são apenas alguns dos pontos das Diretrizes para o manejo da infecção do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) – 2017, que já está disponível no site da SBP. O documento tem um total de 20 páginas e contou, em sua construção, com a coordenação do dr Renato de Ávila Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações, e da dra Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck, diretora de Cursos e Eventos da SBP. Além deles, contribuíram com a formulação do texto outros 38 pediatras que integram diferentes DCs e que estão entre os mais renomados especialistas do País em suas respectivas áreas de atuação.
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