Documento científico aborda a Covid-19 e a Síndrome de Down

Apesar de a idade pediátrica ser menos afetada pela Covid-19, crianças com Síndrome de Down (SD) são especialmente vulneráveis e suscetíveis a infecções respiratórias, além das comorbidades como imunodeficiência, cardiopatias, obesidade, diabetes, que adicionam fatores preditivos de maior gravidade. Entretanto, não há dados sobre a prevalência, susceptibilidade ou evolução da Covid-19 em pacientes com SD. É o que afirma a nota de alerta do Departamento Científico (DC) de Genética da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

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Segundo o documento, apenas um estudo na Bélgica descreve o curso clínico de quatro pacientes, todos adultos, com SD e Covid-19, cujo curso da doença foi grave, necessitando internação hospitalar em três, com resultado fatal em um. Os autores enfatizam o provável aumento do risco de curso grave da doença da Covid-19 em pacientes com SD, sugerindo esforços adicionais para proteção dessa população especial.

As pessoas com SD apresentam sinais de desregulação imune generalizada e crônica com maior prevalência de doenças autoimunes, de infecções virais respiratórias e maior mortalidade por pneumonia bacteriana e sepse. Essas crianças apresentam risco aumentado de morte por infecções pelo Vírus Sincicial Respiratório e vírus H1N1, tendo sido demonstrado durante a pandemia de H1N1 de 2009, que são maiores as probabilidades de hospitalização, intubação e morte.

“É esperado, assim, que a desregulação imunológica e o aumento da produção de citocinas em pacientes com SD os tornam vulneráveis a infecções como a COVID-19, pois a mortalidade está relacionada até o momento, principalmente à síndrome de liberação de citocinas”, diz trecho do documento da SBP.

RECOMENDAÇÕES –  De acordo com o documento da SBP, atualmente, as medidas de controle e prevenção da COVID-19 na população com SD são as mesmas estabelecidas pelos Serviços de Saúde Pública em todo o mundo. As principais recomendações consistem em distanciamento social, uso de máscaras, lavagem frequente das mãos, uso de álcool em gel a 70% e desinfecção do ambiente.

“Lembrar que a máscara deve ser usada por crianças com idade superior a dois anos e deve ser trocada sempre que ficar úmida ou a cada duas horas. Exposição desnecessária deve ser evitada e pessoas com SD devem ficar em casa como profilaxia ou em quarentena”, ressaltam os especialistas do DC de Genética da SBP.

O documento reforça ainda que em condições extremas, o lockdown pode ser adotado. “As principais linhas de recomendações para pessoas com SD, incluindo sintomas, formas de disseminação e medidas de prevenção e tratamento, são praticamente idênticas às recomendações para a população euploide”, frisa o documento.