O Departamento Científico de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou na última sexta-feira (10) a nota de alerta “Obesidade em crianças e adolescentes e COVID-19”, com o objetivo de informar e orientar os pediatras sobre a associação entre as duas doenças em crianças e adolescentes.

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De acordo com o documento, pacientes com obesidade têm maior risco de desenvolver complicações da COVID-19. A obesidade grave pode dificultar a realização de exames de imagem, a intubação traqueal e o cuidado de enfermagem, aumentando assim, o risco de complicações por infecções respiratórias como é o caso do novo coronavírus.

Além disso, alguns desses pacientes possuem outras comorbidades sabidamente associadas a maior frequência de complicações pela COVID-19 como, por exemplo, diabetes mellitus e hipertensão arterial. Pacientes com obesidade de causa genética devem redobrar as medidas preventivas caso tenham complicações adicionais como, por exemplo, cardiopatia, diminuição da capacidade pulmonar, uso de traqueostomia, insuficiência adrenal e hipotonia muscular.

Já em relação aos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) publicou nota, no último dia 25 de março, informando que este procedimento cirúrgico não configura, por si só, critério de inclusão nos grupos de risco para contágio ou complicações da COVID-19 e que os pacientes bariátricos devem seguir as recomendações nutricionais e de suplementação indicadas pela equipe multidisciplinar.

IMPACTOS – De acordo com o documento, a quarentena para prevenir a transmissão da COVID-19 pode ter impactos negativos na obesidade, por restringir a manutenção das atividades presenciais dos programas de perda de peso; por predispor a maior sedentarismo devido ao distanciamento social e proibição de frequentar academias, parques e áreas de lazer; por aumentar o consumo de alimentos enlatados (ricos em sódio) e processados (maior validade), ao invés do consumo de alimentos frescos que requerem idas mais frequentes ao mercado.

Além disso, o confinamento pode agravar questões emocionais. Como a obesidade per se se associa a maior risco de ansiedade e depressão em crianças e adolescentes, estas merecem observação especial de seu comportamento e humor por parte dos familiares.

RECOMENDAÇÕES – A nota da SBP traz ainda recomendações para os pais ou responsáveis por crianças e adolescentes com obesidade, entre as quais se destacam a manutenção das orientações nutricionais, limitando a compra de alimentos industrializados e de refeições prontas; a manutenção das doses e esquemas de medicamentos como recomendado; estimular as atividades físicas dentro de casa, tais como pular corda, dançar, limpar a casa, e em ambientes seguros ao ar livre, como em domicílios com quintais em um ou mais horários ao dia.

O DC de Endocrinologia também recomenda aos pais que definam os horários para o uso saudável das telas, evitando ultrapassar os limites e o acesso sem supervisão a conteúdos inadequados, bem como definir horários para jogos online com os amigos; que mantenham a caderneta de vacinação atualizada, inclusive atualizando a vacina contra gripe (H1N1). Não deve haver motivo para preocupação, pois não há evidência de interação entre a COVID-19 e a resposta imunológica às vacinas.

Confira todas as orientações da SBP sobre a COVID-19 em https://www.sbp.com.br/especiais/covid-19/