Comunicar más notícias aos pacientes consiste em tarefa difícil e angustiante para a qual, na maioria das vezes, os médicos não recebem formação adequada durante os períodos de graduação e residência. A partir dessa constatação e para preencher essa lacuna, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) acaba de lançar documento científico inédito que orienta os pediatras sobre como agir em situações de prognóstico desfavorável, seja em casos de incapacidade permanente, doença sem cura ou morte inevitável.
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De acordo com a publicação, elaborada pelo Departamento de Medicina da Dor e Cuidados Paliativos da SBP, o primeiro fator a ser considerado na comunicação de notícias difíceis é o processo de construção do relacionamento entre profissional, paciente e família. O respeito aos princípios éticos, à autonomia e à dignidade humana, além do compromisso com a verdade, representam o primeiro passo para garantir a qualidade do contato interpessoal, alertam os especialistas.
Do ponto de vista legal, o Código de Ética Médica proíbe a omissão de diagnóstico, qualquer que seja, exceto quando o diálogo direto pode provocar agravos à saúde do paciente. No caso de crianças e adolescentes, a comunicação de más notícias exige obrigatoriamente a concordância e cumplicidade dos pais. “Algumas vezes, os responsáveis podem desejar que informações sejam omitidas na intenção de proteger seus filhos. O pediatra precisa compreender a situação, ser solidário e auxiliar na decisão avaliando o nível de compreensão da criança”, esclarece o documento.
Para facilitar o diálogo, o pediatra deve alinhar suas práticas a atitudes que demonstrem empatia e promovam benefícios ao bem-estar do paciente, como ouvir e interpretar as diferentes dimensões do indivíduo (comportamento, experiências, espiritualidade), estabelecer contato através de gestos de afeto (sorrisos e toque), demonstrar tranquilidade e equilíbrio emocional, entre outras.
O documento científico apresenta diretrizes estabelecidas em um protocolo de abordagem especialmente desenvolvido com a finalidade de diminuir os riscos e prejuízos gerados pela comunicação não empática. Em resumo, demonstrar solidariedade, fornecer informações de maneira sensível sem minimizar a gravidade da situação, esclarecer todas as possíveis dúvidas dos familiares além de identificar o quanto os pais desejam saber em relação à doença e quais são seus objetivos de cuidados com a criança, são os principais passos preconizados pelo método.
O documento explicita também algumas prioridades que transmitem conforto, com base na percepção de familiares de crianças e adolescentes atendidos em ambiente hospitalar, sendo as mais citadas: acesso fácil ao médico e à informação completa; verificar uma rotina de comunicação e cuidados; ter espaço para manutenção da relação entre pais e criança; e lidar com médicos que expressam emoções e fornecem suporte emocional.
Outro aspecto importante citado tem relação com o controle da dor e outros sintomas. “A angústia e o estresse gerado pela observação da criança com dor podem se tornar uma barreira na comunicação com a equipe”, destaca o texto.
A publicação ressalta ainda que um processo de diálogo bem estabelecido é fundamental para diagnosticar problemas e desenvolver um planejamento de cuidados e tratamento eficientes, mesmo quando não há a possibilidade de cura. “A comunicação adequada é fundamental, em especial nas situações limitantes em que as expectativas não estão alinhadas com as reais possibilidades que envolvem crianças e adolescentes. A condução de notícias com habilidade, honestidade e respeito contribui para a redução da angústia e da insatisfação frente à limitação médica”, concluiu o documento.
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