Documento esclarece dúvidas para diagnóstico e tratamento do diabetes relacionado à fibrose cística (DRFC)

O Departamento de Pediatria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - em parceria com as Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP) e de Diabetes (SBD) - elaborou um manual de orientação para esclarecer dúvidas e auxiliar no diagnóstico e condução do diabetes relacionado à fibrose cística (DRFC). A publicação foi desenvolvida com foco em cuidadores e pacientes dessa forma particular da doença que se diferencia dos tipos 1 e 2.

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De acordo como o documento, o DRFC acomete cerca de 20% dos adolescentes e 40% dos adultos com fibrose cística, sendo que mais de 75% dos adultos com a doença têm algum tipo de intolerância à glicose. Assim como a doença provoca acúmulo de muco espesso no pulmão, também há acúmulo no pâncreas, que pode causar uma menor produção de insulina. Além disso, o uso frequente de medicamentos, especialmente corticoides, faz com que a insulina não consiga abrir a célula para entrada da glicose.

Entre os principais sintomas do DRFC, estão: quantidade maior de urina (poliúria); mais sede (polidipsia); perda de peso sem explicação; piora da função pulmonar; exacerbações pulmonares; cansaço; e outros.

DIAGNÓSTICO - O exame mais comumente utilizado para diagnosticar a doença é o Teste de Tolerância Oral à Glicose (TTOG), recomendado pela American Diabetes Association (ADA) e International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes (ISPAD) anualmente a partir dos 10 anos de idade em todos os pacientes com FC. Outros métodos de testagem usuais são Glicemia de Jejum, Hemoglobina Glicada (Hba1c); e Glicemia ao Acaso.

Caso a doença seja confirmada, o tratamento ocorre com a aplicação de insulina injetável subcutânea. A condução adequada auxilia na melhora da função pulmonar, uma vez que diminui a concentração de glicose no pulmão e, consequentemente, reduz a colonização por bactérias e fungos, além de possibilitar uma melhora no peso. A aplicação de insulina será realizada conforme a variação de glicemia de cada paciente, por isso, as indicações de uso devem ser individualizadas e conversadas com o endocrinologista.

Após cerca de cinco anos do diagnóstico, a falta de cuidados com o DRFC pode incorrer em diferentes complicações microvasculares, que afetam olhos, rins e nervos. Para evitar possíveis agravos é necessário um controle adequado da glicemia, caso contrário, novas medicações precisarão ser acrescentadas ao tratamento, assim como outros procedimentos específicos, como laser para complicações oculares e diálise para problemas renais.

O manual expõe ainda conceitos gerais sobre: como reconhecer sinais de hipoglicemia e agir nessa situação; prática de atividades físicas; dietas mais adequadas e contagem de carboidratos; condutas para correção de valores de glicose fora da meta; e mais.