O Departamento Científico (DC) de Gastroenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou nesta semana o Guia Prático de Atualização “Dor Abdominal Crônica (DAC) na Infância e Adolescência”. A publicação traz orientações com base em evidências científicas atualizadas a respeito da fisiopatologia, métodos diagnósticos, abordagem e prognóstico da doença.
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De acordo com o documento, usualmente a DAC não está relacionada a um problema orgânico secundário. No entanto, o padrão constante dos sintomas, assim como a suspeita de uma doença mais grave, costuma causar grande ansiedade em pais e responsáveis, uma vez que a dor tem compreensão difícil e a determinação de sua causa ainda é vaga.
O primeiro passo da abordagem diagnóstica, segundo os especialistas, é diferenciar quadros de dor abdominal funcional das dores associadas a processos inflamatórios ou dano tecidual. Segundo explicita a publicação, os especialistas devem basear o processo de investigação a partir da análise detalhada da história clínica do paciente, de exame físico minucioso e do uso criterioso de testes complementares.
“Deve ser dada atenção especial aos casos em que se identifiquem sinais e sintomas de alerta para doença orgânica, que ocorrem caracteristicamente durante o dia e podem ser de intensidade suficiente para levar ao choro e interromper as atividades habituais. Sintomas neurovegetativos como palidez, sudorese, náuseas e vômitos também podem ocorrer”, indica o texto.
A publicação também enfatiza os critérios para estabelecer o diagnóstico diferencial da DAC quando associada às principais desordens gastrointestinais funcionais (DGIFs), entre elas, a dispepsia funcional, a síndrome do intestino irritável, a enxaqueca abdominal e dor abdominal sem outra especificação.
Uma conclusão pode ser obtida a partir da constatação de sintomas como dor epigástrica que não se associa à defecação; alteração na frequência das fezes; dor é incapacitante; episódios paroxísticos de dor abdominal intensa, com mais de uma hora de duração; entre outros.
ABORDAGEM – Segundo informa o documento, o tratamento da criança ou adolescente com DAC depende da hipótese diagnóstica. No caso de causa orgânica, a abordagem é específica para cada doença. Para dor abdominal funcional, o tratamento deve ser individualizo, com foco em terapêuticas dietéticas, farmacológicas, psicológicas e suplementares.
Em cerca de 30% dos pacientes, a DAC tende a se tornar persistente. Assegurar à criança e sua família a propriedade não progressiva e branda do quadro, a partir do estabelecimento de uma relação de confiança entre médico e paciente, também configura um dos aspectos relevantes da abordagem e influência, especialmente para a diminuição do sofrimento emocional.
Todo o conteúdo do documento foi elaborado pelos membros do DC de Gastroenterologia da SBP, composto pelos drs. Mauro Batista de Morais (presidente); Aristides Schier da Cruz (secretário); (relatora); Sílvio da Rocha Carvalho (relator); Ana Daniela Izoton de Sadovsky; Katia Galeão Brandt; Marco Antônio Duarte; Matias Epifanio; e Mauro Sérgio Toporovski.
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