O que falta para conseguirmos erradicar o sarampo? Este foi o questionamento que deu início à mesa-redonda “Panorama das Doenças Infecciosas de difícil controle”, promovida no 40º CBP, na manhã desta sexta-feira (6). Mesmo com a redução considerável de surtos gravíssimos de doenças infecciosas, nos últimos anos foi percebido o retorno de algumas dessas enfermidades, entre elas, o sarampo.
Apesar do Brasil ter recebido em 2016 a certificação da eliminação do vírus, permanecendo assim até 2017, após esse marco a realidade foi outra. De acordo com dados da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, em 2018 foram confirmados 10.346 casos da doença no Brasil. No ano seguinte e, após o vírus circular por todo o território, o País perdeu sua certificação, com a preocupante confirmação de 20.901 casos da doença. Em 2020 foram confirmados 8.448 e em 2021, até a Semana Epidemiológica de número 52, foram 668 casos de sarampo.
Em resposta ao questionamento inicial, o dr. Robério Dias Leite caracterizou alguns pontos que, se colocados em prática, podem solucionar o problema do sarampo. “Precisamos reforçar estratégias, outrora bem sucedidas, de vacinação de rotina e de enfrentamento de surtos, é preciso melhorar o acesso à vacinação, a utilização de novas tecnologias para rastreamento do estado vacinal, a vigilância clínica e laboratorial e principalmente o enfrentamento aos movimentos antivacinas, que são uma ameaça à saúde global”, esclareceu o dr. Robério.
Outra preocupação atual, além do retorno de doenças erradicadas, são as arboviroses, que ganham espaço sazonalmente, como é o caso da dengue, zika e chikungunya. Doenças que atingem o País periodicamente, desde a década de 80, como a dengue, têm sido um grande desafio para a saúde pública e, consequentemente, para os pediatras.
“Quando falamos das arboviroses, precisamos nos atentar quanto às diferenças de diagnóstico e as formas de tratamento. O nosso público-alvo são as crianças, portanto, muita atenção. A observação de todas as etapas da doença é muito importante no histórico do paciente. No caso dos bebês, é preciso avaliar a saúde da mãe, se teve dengue, zika ou chikungunya durante a gestação”, comentou a dra. Maria Angela Rocha.
Na conclusão da mesa, uma explanação do dr. Daniel Jarovsky sobre a atualização no tratamento e na prevenção da bronquiolite viral aguda, a qual, de acordo com o pediatra, precisa e deve ser tratada com estratégias de proteção a partir da gestante, seguindo nos primeiros meses de vida do paciente e acompanhada no decorrer da vida.
“Com o surgimento da covid-19 tivemos um obstáculo a mais ao cuidarmos das doenças respiratórias, pois convivemos diariamente na nossa prática pediátrica com a sazonalidade da VSR (Vírus Sincicial Respiratório), principal agente causador de infecção do trato respiratório inferior de crianças nos primeiros anos de vida”, disse o dr. Daniel.
O especialista finalizou sua participação comemorando a evolução dos tratamentos atuais, que trazem resultados animadores e vislumbra que em breve a saúde possa contar com uma vacina que consiga sanar o problema das doenças respiratórias.
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