Os problemas que levam ao nascimento de bebês pretermos, bem como os desafios para estender os cuidados necessários e a sua integração na família e na comunidade, foram abordados em documento científico divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) na semana em que se comemora o Dia Mundial da Prematuridade (17 de novembro). No texto, “Prevenção da prematuridade- uma intervenção da gestão e da assistência”, a entidade faz um alerta sobre a importância da adoção de medidas que garantam um nascimento saudável, em benefício de crianças, gestantes e seus familiares.
“O nascimento pretermo não é uma entidade única, mas o desfecho final de múltiplos determinantes. O processo que resulta no nascimento de um prematuro inicia-se na gestação, em um curso contínuo, a partir de condições de risco pré-concepcionais e da gestação, com possíveis repercussões durante toda a vida da criança”, destaca o trabalho, elaborado pelo Departamento Científico de Neonatologia.
Para a presidente da SBP, dra Luciana Rodrigues Silva, com o material produzido a entidade ressalta a importância da organização da assistência perinatal, dos fluxos assistenciais e da tipologia das unidades perinatais, nos resultados na prevenção da prematuridade, além dos processos clínicos. Após analisar o trabalho, ela destacou que a atenção a todos esses itens é fundamental para o “nascer seguro”.
PROBLEMA DE MILHÕES - O Dia Mundial da Prematuridade (ou Dia Internacional da Sensibilização para a Prematuridade) foi criado para chamar atenção de um problema que atinge milhões de crianças todos os anos ao redor do mundo. Criada em 2009, sendo adotada imediatamente pelo Canadá, Estados Unidos, Austrália e Portugal, hoje é celebrada em mais de 50 países. Na avaliação de especialistas da SBP, o parto prematuro pode, na maioria dos casos, ser prevenido com a ajuda de um pré-natal adequado.
Nessa etapa, são detectados precocemente os problemas maternos que podem desencadear o parto prematuro, o que exige a realização de consultas de pré-natal com qualidade e acesso aos exames clínico-laboratoriais disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Contudo, isso nem sempre acontece.
Somente 45% das mulheres, assistidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) têm acesso à ultrassonografia obstétrica no primeiro trimestre da gestação, considerado o padrão ouro para estimativa da idade gestacional frente à imprecisão da data do último período menstrual por grande parte das gestantes. Para aperfeiçoar o atendimento oferecido na rede pública, no documento divulgado, a SBP defende, entre outros pontos, a sistematização dos fluxos na vinculação da gestante à maternidade a partir do pré-natal; a urgente a concretização do conceito de rede na assistência perinatal; e a oferta de cuidados a mães e bebês, em função de suas necessidades e características.
HOSPITALIZAÇÃO - O documento ainda menciona aspectos relacionados à hospitalização prolongada dos recém-nascidos, o que exige cuidado com o atendimento médico na alta hospitalar, com impacto na vida familiares, com aumento do risco de abuso, violência e negligencia. “A família é determinante no prognóstico de vida da criança e precisa ser apoiada e orientada. O plano de cuidados para definir o programa de acompanhamento ambulatorial multidisciplinar deve ser individualizado de acordo com o grau de prematuridade e a presença de condições especificas, valorizando recursos disponíveis pelas famílias e na comunidade”, cita o texto, que preconiza o atendimento multiprofissional e a comunicação interdisciplinar como componentes fundamentais no processo.
“A redução de mortes potencialmente evitáveis e de complicações da prematuridade demanda aplicação do conhecimento cientificamente evidenciado, além da organização dos fluxos assistenciais ao longo da gestação e período neonatal, com base regional”, ressalta o documento do DC de Neonatologia, para quem a regionalização da assistência na gestação e período neonatal é de responsabilidade do Ministério da Saúde em trabalho coordenado e conjunto com as Secretarias de Saúde, Estaduais e Municipais e com apoio técnico cientifico de instituições parceiras como associações e conselhos das especialidades médicas e de disciplinas afins, além da participação de instituições acadêmicas.
DADOS ESTATÍSTICOS - Em 2015, a prematuridade representou a principal causa de mortes em crianças menores de 5 anos, em todo o mundo. No Brasil, de acordo com o estudo Global Burden of Disease (GBD) - Brasil 2015, uma parceria do MS-Brasil e do Institute of Health Metrics and Evaluation (IHME) da Universidade de Washington (Estados Unidos), as complicações associadas à prematuridade ocupam o primeiro lugar nas causas de óbitos nos primeiros cinco anos de vida, desde os anos 1990.
Apesar da queda notável nos últimos 25 anos, há um número significativo de óbitos potencialmente evitáveis relacionados à prematuridade e sensíveis à atenção efetiva no pré-natal, parto e período neonatal. A taxa de prematuridade no Brasil está estimada em 11,5% do total de nascimentos, ou seja, cerca de 345 mil crianças do total de 3 milhões de nascimentos. Os pretermos tardios representam a grande maioria dos prematuros, em torno de 74% do total, seguido pelos menores de 32 semanas (16%) e de 32-33 semanas (10%), de acordo com o Projeto Nascer no Brasil.
REPERCUSSÃO:
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