Em encontro com a OMS, pediatra defende benefícios de um mundo sem o fumo

O aumento do preço do cigarro, a retirada da propaganda de tabaco da mídia e uma legislação forte, com punição para aqueles que fumam em ambientes fechados, foram alguns dos fatores que possibilitaram a redução do consumo de cigarro no Brasil. O exemplo bem-sucedido foi debatido pelo representante da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) nas Ações de Combate ao Álcool, Tabaco e outras drogas, dr. João Paulo Becker Lotufo, no webinar "Controle do tabaco para a saúde e desenvolvimento infantil" – realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em colaboração com a International Pediatric Association e a ECD Action Network.

Na oportunidade, ele ministrou palestra sobre política e práticas que permitam às crianças crescerem em um mundo sem fumo. Durante o evento, ocorrido na última terça-feira (28), o especialista destacou que a oferta de tratamento e medicação gratuitos à população também contribuiu para esse feito. “Quanto mais restritivas as leis, maior a redução da mortalidade infantil. Caso todas as unidades da federação tivessem adotado, desde o início, a proibição total do fumo em locais públicos, outras 10 mil mortes de crianças com idade inferior a um ano teriam sido evitadas entre 2000 e 2016”, pontuou.

A redução do consumo de tabaco no País proporcionou um impacto positivo na saúde infantil, avalia o especialista, ao limitar a exposição das crianças à fumaça do cigarro. Dr. Lotufo explicou que o tabagismo passivo está relacionado a várias doenças respiratórias em crianças como, por exemplo, a Síndrome de Morte Súbita na Infância. Apesar das políticas dedicadas à recuperação dos usuários terem sido bem-sucedidas, ela acredita que ainda faltam investimentos na prevenção com foco na juventude.

“A luta contra o tabagismo e outras drogas é feita coletivamente”, disse dr. Lotufo, enfatizando a necessidade de os professores, médicos, agentes de saúde, pais e famílias serem orientados de que forma podem evitar que crianças e adolescentes se tornem dependentes da nicotina. “Se não partirmos para a prevenção e educação, o índice de experimentação de drogas lícitas entre os jovens pode aumentar e consequentemente estes índices positivos de cessação podem retroceder no país”, concluiu.