"Adolescência, pandemia e doença meningocócica: o que precisa saber" foi o tema da live realizada na última semana pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em parceria com a Sanofi Pasteur. O evento, transmitido ao vivo por meio de plataforma exclusiva aos associados, contou com a participação dos drs. Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico (DC) de Imunizações, e Lígia Reato, membro do DC de Adolescência. Na aula, os especialistas abordaram os principais aspectos da adolescência, as influências da pandemia nessa faixa etária e sobre a doença meningocócica no adolescente, com especial foco no que os pediatras precisam estar atentos nesse momento.
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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência corresponde à segunda década de vida do ser humano, ou seja, vai dos 10 aos 20 anos, definição um pouco diferente do estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – que seria do 12 aos 18 anos.
“Independentemente desse critério cronológico, o que caracteriza a adolescência é ser uma fase de transição entre a infância e a idade adulta, que é considerado um momento crucial de desenvolvimento do ser humano”, enfatizou a hebiatra dra. Lígia reato em sua fala abertura da aula. Segundo ela, um fator importante também é saber a diferença entre a puberdade e a adolescência.
“A puberdade faz parte da adolescência, mas não é exclusivamente dela. A puberdade é o conjunto de modificações biológicas do adolescente, ou seja, o estirão do crescimento, o desenvolvimento do aparelho cardiorrespiratório, a modificação na composição corporal, o aparecimento dos caracteres sexuais secundários e o desenvolvimento do aparelho genital, levando o indivíduo ao estabelecimento da sua capacidade reprodutiva”, explicou.
A hebiatra abordou também as características comportamentais da adolescência e como elas estão se apresentando durante a pandemia. Em especial por conta do fechamento das escolas, dos eventos cancelados, há uma perda de oportunidade de participar de encontros presenciais, de conversar com seus amigos, de praticar esportes.
Em relação à saúde mental, a médica chamou atenção para as diferenças entre um comportamento normal de um psicopatológico. "Ansiedade e medo fazem parte de um processo como esse que estamos vivendo. Essa sensação de desânimo e tédio é normal não só no adolescente, mas em outros grupos. O importante é a gente saber diferenciar considerando as variáveis para saber até que ponto posso acolher a família, orientar, tranquilizar, estimular o diálogo e, a partir de que momento preciso indicar um profissional da área de saúde mental, seja um psicólogo ou psiquiatra", informou.
DOENÇA MENINGOCÓCICA – Já dr. Renato Kfouri, em sua explanação abordou, principalmente, a questão da doença meningocócica, que de forma invasiva pode se apresentar na forma de meningococcemia com ou sem meningite. A transmissão é feita de pessoa para pessoa por gotículas respiratórias.
“A doença não é como sarampo ou influenza, que é facilmente transmissível e com alta dispersão. A importante da vacinação contra doença meningocócica não é a sua incidência, sua frequência, mas a sua gravidade e evolução, muitas vezes, dramática. Às vezes, em 24 ou 48 horas pode cursar com formas letais da doença”, enfatizou o pediatra.
Segundo dr. Renato, os adolescentes desempenham um papel crucial no controle da doença meningocócica, uma vez que eles são os maiores portadores assintomáticos do meningococo em nasofaríngea e contribuem para a disseminação para todas as faixas etárias.
Segundo ele, a meningite meningocócica é a forma mais frequente, mas a meningococcemia aguda sem meningite muitas vezes cursa com formas mais graves, com amputações, necroses, por exemplo. Além disso, cerca de 20% dos sobreviventes de doença meningocócica evoluem com algum grau de sequela grave, como surdez, dificuldade de aprendizado, perda de visão, problema renal, entre outros.
IMUNIZAÇÃO – No Brasil, em 2010, houve a introdução da vacina meningocócica conjugada C para as crianças menores de quatro anos; em 2017, houve ampliação dessa vacina para adolescentes de 12 e 13 anos; em 2018, foi estendida a cobertura para adolescentes entre 11 e 14 anos. Em 2020, foi introduzida a vacina quadrivalente ACWY para adolescentes de 11 e 12 anos.
"Nossas cobertas vacinais não estão entre as melhores. Entre 2015 e 2019 vem tendo uma queda. Temos tido coberturas menores que 90% para doenças meningocócicas nos menores de um ano. Nos adolescentes, a situação está ainda pior. Em 2017, por exemplo, atingimos cobertura de 40% nos 12 anos e 32% nos 13 anos. Nós temos muito trabalho a fazer pela frente porque nós temos ainda uma consciência muito difícil de alcançar nossos adolescentes com metas de coberturas vacinais", disse dr. Renato Kfouri.
O pediatra reforçou ainda que as meningites têm distribuição mundial e são considerados um grave problema de saúde pública; a meningite meningocócica requer diagnóstico e tratamento imediatos, pelo potencial de sequelas e da alta letalidade; e a maioria das pessoas afetadas é previamente hígida, por isso, a melhor opção é a prevenção.
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