A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) acaba de publicar o manual de orientação “Acompanhamento nutrológico da criança e do adolescente com Síndrome de Down”. Elaborado pelo Departamento Científico de Nutrologia da SBP, o documento orienta sobre a importância do acompanhamento nutrológico para esse grupo, com a prevenção e manejo de distúrbios nutricionais. Também enfatiza que esse fator é imprescindível para garantir a saúde e o bem-estar físico e mental das crianças e adolescentes portadores dessa que é a mais frequente anomalia cromossômica humana, com ocorrência mundial de um a dois casos para cada mil nascidos vivos e prevalência crescente, em parte associada ao aumento da expectativa de vida.
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Os especialistas frisam que crianças com Síndrome de Down (SD) apresentam grande potencial de desenvolvimento de habilidades sociais e produtivas, com adequada qualidade de vida, desde que tenham suporte familiar adequado e controle tempestivo das várias complicações clínicas que se apresentam ao longo de suas vidas. Porém, salientam que a SD representa grande desafio para a equipe assistencial devido à grande variedade de apresentação e gravidade dos seus sinais e sintomas, muitos destes com implicações nutricionais.
Segundo o documento, as manifestações clínicas decorrentes da SD variam conforme a faixa etária. Enquanto nos primeiros anos de vida há risco de baixo ganho ponderal, a partir da idade escolar a tendência é de evolução para sobrepeso e obesidade. Configurando, assim, uma dualidade que exige mais atenção dos familiares e conhecimento específico dos profissionais de saúde. Vale destacar que em todas as faixas etárias há tendência ao desenvolvimento de diversas comorbidades, com implicações relevantes na saúde e na qualidade de vida.
Dessa forma, o manual ressalta que o acompanhamento médico é fundamental, cabendo ao pediatra o apoio e a abordagem atenta dos sinais de ansiedade e frustração parentais, em paralelo à condução das várias complicações clínicas da criança. O documento ressalta, ainda, que é muito importante que haja apoio à família, tanto em relação às questões fisiológicas (oferecer inicialmente alimentos com a consistência adaptada e seguir técnicas específicas que auxiliem a mastigação e a deglutição) quanto às psicológicas (escuta, apoio e orientação). Posteriormente, a textura da dieta poderá progredir, o que trará benefícios para o desenvolvimento da cavidade oral da criança e oportunidade de ingestão de alimentos diversificados e de melhor valor calórico e nutricional.
Outro ponto salientado pelos especialistas é que as crianças com SD são particularmente beneficiadas pelo aleitamento materno (AM), pois têm maior predisposição a infecções, distúrbios gastrintestinais e tendência à obesidade, condições sobre as quais o AM pode ter um impacto positivo. Além disto, a sucção da mama pode propiciar aumento do tônus da musculatura perioral do lactente com hipotonia, reduzindo algumas das dificuldades alimentares.
O Departamento Científico de Nutrologia da SBP é composto pelos seguintes especialistas: dra. Virginia Resende Silva Weffort; dr. Hélcio de Sousa Maranhão; dra. Elza Daniel de Melo; dra. Junaura Rocha Barretto; dr. Mauro Fisberg; dra. Mônica de Araújo Moretzsohn; dra. Mônica Lisboa Chang Wayhs; e dr. Tulio Konstantyner. O documento contou, ainda, com a colaboração da dra. Fernanda Paula da Costa.
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