“A arte na medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre consola”. Este é o nome do programa da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE), idealizado pelo médico dr. Paulo Barreto Campelo. Com uma proposta de humanização na área de saúde, ele utiliza as manifestações artísticas, em que, como em uma receita médica a arte é o remédio prescrito.
Encantada com a iniciativa, a presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Luciana Rodrigues Silva, foi convidada pelo dr. João de Melo Regis Filho, membro da Academia Brasileira de Pediatria (ABP) e suplente do Conselho Fiscal da SBP, a conhecer de perto o programa. “Um projeto inspirador, que abre mentes e corações”, assim classificou ela, ao relatar o que viu e ouviu durante sua visita. “Nosso País precisa de médicos, especialmente pediatras, cada vez mais qualificados e de sensibilidade aguçada, capazes de entender o que não se traduz em palavras, mas por meio de uma das manifestações mais essenciais do ser humano: a arte”.
O programa completou em julho 21 anos de atividade com diversos projetos incluindo ações terapêuticas, pedagógicas e humanísticas. São ações que tem beneficiado diversos públicos. Na pediatria, foi construído um ‘Castelo’ para a Escolinha de Iniciação Musical e Artes do Hospital Universitário Osvaldo Cruz, onde crianças e adolescentes em tratamento participam de diversas oficinas de música, dança, fotografia, vídeo, teatro, capoeira, entre outras. “A escolinha tem sua função transformadora pela arte, comprovada com os frutos de ex-alunos, hoje já curados. Alguns desses ex-pacientes hoje retornaram à escolinha e são monitores dos cursos”, conta.
Além dos pacientes e familiares, participam das atividades professores e alunos. Também para as crianças, se destacam os projetos Oficina de Contos de Fadas, em que são contadas histórias no leito das enfermarias e, em seguida, as crianças são estimuladas a criarem a os seus próprios contos. Outro destaque é o Som da Vida na Maternidade da UPE, onde a música está presente no ambiente do parto e no berçário.
“No ato de cuidar e acolher, é preciso mergulhar na verdadeira tecnologia de ponta: a alma humana, e assim conseguiremos diminuir as angústias, os sofrimentos e as aflições de nossos pacientes em sua integralidade. É a medicina baseada no olhar, num momento da supervalorização da medicina baseada em evidência ou em problemas”, afirma o dr. Campelo.
O projeto conseguiu ainda incluir o tema na grade curricular em Pernambuco, onde há sete anos a disciplina de arteterapia e da Saúde com Arte é lecionada na Faculdade de Ciências Médicas. Até o momento, mais de mil alunos já passaram pela disciplina. “O resultado é sempre positivo. Realizamos questionários com os estudantes e as respostas de aprovação às disciplinas demonstram que estamos no caminho certo. Os alunos aprovam a inclusão dessas matérias no currículo e destacam a importância dos conteúdos para a qualidade dos futuros profissionais que irão ser”.
BENEFÍCIOS TERAPÊUTICOS – Segundo o médico, a arte promove a saúde de várias maneiras, desde estimular a produção de anticorpos que fortalecem defesas do organismo contra os ataques de vírus, bactérias e fungos nocivos, até ajudar a combater infecções instaladas e a evitar novas infecções. Além disso, a arte pode levar o cérebro a estimular a fabricação de endorfinas, substâncias que acalmam, alegram e relaxam.
Ele explica que a arte funciona basicamente como uma ponte entre as emoções e o organismo. “Estudos confirmam que as expressões artísticas podem ser compartilhada e ajudam na recuperação de pacientes que necessitam de fisioterapia, dedilhar um teclado, tocar bateria estimula na coordenação motora, nas vias respiratórias, tocar flauta, pífano ou gaita, também traz excelente resultados. A diferença é que o tratamento com instrumentos fica mais prazeroso e as pessoas felizes recuperam-se mais rapidamente.
INVESTIMENTO PARA A ALMA – A iniciativa coordenada pelo dr. Paulo Campelo vem ajudando na formação dos futuros e atuais profissionais, diminuindo o que ele chama de “obesidade tecnológica” e “desnutrição humanística” para a qual ele acredita estar caminhando a medicina.
Apesar da relevância das 12 ações voltadas para o acolhimento e cuidado diferenciado dos pacientes, dr. Campelo lamenta que algumas das oficinas e dos projetos estejam paralisados por problemas financeiros.
“A estrutura física do prédio está muito danificada e estamos sem condições de realizar novos investimentos em projetos criativos”. Interessados em apoiar ou conhecer mais sobre o programa podem acessar o site http://www.artenamedicina.com.br/.
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