Em São Paulo, especialistas da SBP discutem com autoridades os desafios das Políticas Públicas para Infância

Reforçar compromissos e influenciar a sociedade a cuidar das crianças no século XXI. Este foi o objetivo do Fórum de Políticas Públicas para a Infância, promovido na última semana pelo Hospital Infantil Sabará, em São Paulo. No evento, onde foram apresentadas as propostas para a saúde infantil previstas nos programas de governo principais candidatos à presidência da República, contou com a participação da presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Luciana Silva, além de outros membros da entidade.

A pediatra ministrou palestra sobre as discrepâncias regionais nas taxas de mortalidade infantil, tema em evidência no contexto brasileiro após a interrupção de um ciclo de queda contínua que já durava 26 anos. “A SBP tem se manifestado firmemente junto ao Ministério da Saúde e outros órgãos do Governo cobrando providências para melhorar a qualidade da assistência para crianças e adolescentes. As reivindicações, que incluem ampliação da oferta de leitos, a melhoria da infraestrutura de trabalho e a valorização do papel do pediatra no atendimento, também foram entregues aos candidatos à cargos nas Eleições Gerais desse ano”, destacou.

Na oportunidade, dra. Luciana também parabenizou a iniciativa do Hospital Sabará, do Instituto Pensi e da Fundação Luis Egydio Setubal de promoverem uma discussão tão pertinente e necessária. “É extremamente importante que fóruns desta natureza possam continuar a acontecer em todo o País, pois as crianças e adolescentes representam o futuro da nossa Nação e elas precisam de atenção diferenciada dos nossos dirigentes”, disse.

Após a abertura oficial do evento, conduzida pelo presidente da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Jose Luis Setúbal, a dra. Sandra Grisi, da Academia Brasileira de Pediatria (ABP), falou sobre os desafios das políticas públicas de saúde para a infância para os próximos anos.

Em seguida, houve a apresentação das propostas para a saúde infantil dos programas de governo dos candidatos à presidência da República. Fizeram exposição o vice-presidente do Partido dos Trabalhadores, Alexandre Padilha; o coordenador do plano de governo de Ciro Gomes, Nelson Marconi; a coordenadora do plano de campanha de Álvaro Dias, Ana Paula Oliveira; o coordenador do programa de Saúde de Geraldo Alckmin, David Uip; além do coordenador do programa de Henrique Meirelles, José Márcio Camargo. O bate papo foi mediado pela jornalista Mônica Waldvogel, da GloboNews.

OBESIDADE INFANTIL – Outros membros da SBP também participaram do Fórum, contribuindo com os debates. O dr. Mauro Fisberg, do Departamento Científico de Nutrologia da SBP, abordou o tema “Obesidade infantil: os projetos e campanhas para enfrentar esse novo problema de saúde pública”. Segundo o especialista, tratar a obesidade não é simples, mas implica em equilíbrio entre manter a velocidade de ganho de peso e não impedir o crescimento de estatura.

“O ideal é agir antes da puberdade, quando os hormônios sexuais femininos, especialmente, aumentam a gordura de depósito para garantir a formação dos seios e quadris. Crianças fazem pouca atividade física estruturada, e se o fazem, quase sempre tem pouca intensidade”, enfatizou. Ele reforçou também a importância dos pediatras, nas consultas de rotina, pesarem, medirem e avaliarem as curvas de crescimento. Só assim será possível detectar alterações precoces de ganho de peso ou decréscimo da velocidade de crescimento”, pontuou.

PROTEÇÃO SOCIAL – A dra. Evelyn Eisenstein, do Departamento Científico de Adolescência da SBP, também participou do evento, abordando a falta de proteção social entre as crianças e adolescentes. A especialista destacou as premissas legais existentes no Brasil, como o artigo 227 da Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), além da assinatura dos direitos das crianças assinado pelo Brasil em 1990.

“É preciso que as autoridades brasileiras deem continuidade às políticas públicas já existentes e que garantam um lugar especial às crianças nos orçamentos públicos”, comentou. A pediatra enfatizou ainda as necessidades físicas, culturais, intelectuais, emocionais, sociais e ambientais das crianças e dos adolescentes. Destacou também temas como gravidez, vacinação, nutrição, inclusão social de crianças com deficiência, era digital, violência e prevenção de acidentes.