A alta prevalência da obesidade na infância e adolescência é considerada um problema de saúde pública. Dados recentes do Ministério da Saúde mostram que o Brasil tem 6,4 milhões de crianças obesas. O tema foi debatido em mais um webinar organizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Participaram da atividade o presidente do Departamento Científico de Endocrinologia, dr. Crésio de Aragão Dantas Alves, e a presidente da Associação de Pesquisa do Instituto de Diabetes e Endocrinologia (ASSEP-IEDE), dra. Cynthia Valério.
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Na ocasião, o dr. Crésio abordou o diagnóstico e tratamento da obesidade a partir da visão do pediatra. Considerada uma doença crônica, a obesidade na infância é fator de risco e causadora de múltiplas comorbidades. Pré-diabetes, apneia do sono, estresse são potenciais desfechos adversos na obesidade infantil.
De acordo com o médico, as crianças obesas têm 70% de chances de serem adultos obesos. “Esse é um assunto que vem sendo muito discutido pela comunidade científica. O efeito da perda de peso é fundamental para reduzir as comorbidades e promover melhoras importantes nos índices de glicose, hipertensão, colesterol, entre outros”, disse.
Segundo o especialista, as opções terapêuticas na obesidade em crianças são limitadas. Além da mudança do estilo de vida, o tratamento pode ser realizado com medicações, banda gástrica e bypass gástrico. Contudo, tanto a medicação como as intervenções são implementadas quando há uma resposta inadequada à terapia do estilo de vida – que incluem a reeducação alimentar e a prática de atividade física.
RECOMENDAÇÕES – No entanto, a ingestão inadequada de alimentos e o sedentarismo não são as únicas causas da obesidade. Durante o evento, os pediatras explicaram que o problema também pode ser desencadeado por fatores ambientais, além de biológicos, hereditários e psicológicos. Por isso, o tratamento requer um diagnóstico detalhado e o envolvimento de toda a família. “No Manual de Obesidade na Infância a Adolescência da SBP, publicado em 2019, é possível conferir todas essas orientações”, informa dr. Crésio.
Para a dra. Cynthia, trata-se de um tema urgente e que deve ser enfrentado por todos. A médica alertou que a obesidade infantil aumenta, inclusive, a mortalidade por doenças cardiovasculares em adultos. “A evolução nos anos iniciais determina a saúde cardiometabólica na vida adulta e a evolução da história natural da doença e todos os efeitos adversos”, disse. Ela acrescenta que os pediatras podem fazer a diferença na vida desses pacientes no futuro, ressaltando a importância de se evitar a inércia terapêutica.
Ao final do Simpósio, foram respondidas as principais dúvidas dos expectadores sobre temas como criança com obesidade e aleitamento materno; efeito da pandemia no aumento da prevalência da obesidade; erros alimentares; introdução alimentar precoce x fator de risco para obesidade.
As aulas foram realizadas no dia 10 de agosto e contaram com o apoio do laboratório Novo Nordisk.
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