Entidades reagem contra críticas de Donald Trump a eficácia das campanhas de vacinação

Mais de 200 entidades norte-americanas de defesa da pesquisa, da família e da infância assinaram carta ao presidente Donald Trump em apoio manutenção da política de vacinação nos Estados Unidos. O documento, que conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), destaca os avanços vividos pela ciência e os resultados alcançados nas últimas …

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Mais de 200 entidades norte-americanas de defesa da pesquisa, da família e da infância assinaram carta ao presidente Donald Trump em apoio manutenção da política de vacinação nos Estados Unidos. O documento, que conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), destaca os avanços vividos pela ciência e os resultados alcançados nas últimas décadas com o advento dessa medida de prevenção, como a erradicação da varíola no mundo, em 1977, e da poliomielite no Ocidente, em 1991. Atualmente, as vacinas previnem, anualmente, a morte de 2,5 milhões de crianças em todo o mundo. 

Contudo, os especialistas alertam: independentemente das conquistas, nos Estados Unidos ainda ocorre o aumento da incidência de doenças que poderiam ser evitadas por meio da vacinação em massa. Exemplos são o surto de sarampo que assustou a Flórida, em 2012, ou quase 50 mil casos de coqueluche registrados naquele mesmo ano, no País.

A iniciativa das 200 entidades é uma resposta às declarações de Donald Trump, que questionou o valor e a segurança das vacinas. Junto com a carta foi entregue uma série de estudos que comprovam a eficácia dessa medida de prevenção e pediram ao presidente uma oportunidade de encontrá-lo para debater a questão. Pelos cálculos apresentados a vacinação preventiva geram uma economia anual de US$ 82 bilhões aos cofres públicos, ao se evitar gastos com internação e tratamentos.

Para os especialistas é importante que o governo norte-americano redobre os esforços e faça investimentos necessários para educar os pacientes e suas famílias sobre a importância da vacinação. Em 2016, os pediatras norte-americanos foram autorizados a não atenderem crianças não imunizadas, como desdobramento de uma decisão com o objetivo de estimular os pais a vacinarem seus filhos. 

O presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dr Renato Kfouri, considera oportuna a iniciativa das entidades americanas. Ele classificou a manifestação de Donald Trump como “desastrosa” e a reação das entidades coerente ao destacar a importância das vacinas como umas das melhores e mais efetivas intervenções em saúde pública.

“Foi um belo exemplo para todos nós, de como a sociedade civil, por meio de seus representantes, pode e deve atuar frente a pensamentos equivocados que colocam em risco a saúde de todos”, acredita Kfouri. A presidente da SBP, dra Luciana Rodrigues Silva, acredita que a vacinação de crianças e adolescentes é uma das medidas fundamentais para se garantir a saúde das comunidades.

De acordo com ela, “nesse processo, o pediatra possui um papel chave no esclarecimento de pais e responsáveis sobre a importância de se manter em dia o calendário de vacinação das crianças e dos adolescentes. Cabe a este especialista oferecer as explicações necessárias para que as coberturas vacinais se mantenham elevadas”.