Especialista da SBP debate gaming disorder em evento pelo Dia Mundial da Internet Segura

Ansiedade social, depressão, ganho ou perda de peso, transtornos de sono e gaming disorder – distúrbio inserido na 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) – foram alguns dos tópicos abordados pela secretária do Departamento Científico de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Evelyn Eisenstein, em conferência pelo Dia Mundial da Internet Segura. O evento, que aconteceu na última terça-feira (6), em São Paulo (SP), reuniu cerca de 200 participantes em torno do tema “Crie, conecte e compartilhe o respeito: uma internet melhor começa com você”.

Durante os debates do painel “Plataformas para crianças”, dra. Evelyn apresentou o conceito de Gaming Disorder (CID 6C71), distúrbio incluído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na CID-11 e que passa a vigorar em junho deste ano. Segundo a especialista, essa classificação caracteriza a falta de controle sobre o ato de jogar videogames e jogos online/internet em detrimento de outras atividades rotineiras.

Dra. Evelyn frisou que os jogos online geram transtorno comportamental, social e mental e que o aumento do consumo associado à falta de controle pode provocar dependência, irritabilidade, depressão, fissura e compulsão, colocando em risco o trabalho e as relações pessoais. Ela destacou ainda que “o uso de mídias por crianças e adolescentes pode provocar alterações estruturais no cérebro e na substância cinzenta, gerando falta de atenção e coordenação psicomotora”.

O debate contou também com a participação de Clarissa Orberg, do Youtube Kids; Danilo Doneda, especialista em privacidade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); e Márcio Gonçalves, da Microsoft Brasil. A moderação do debate ficou a cargo de Kelli Angelini, do Comitê Gestor da Internet (CGI). Outras instituições, como o Unicef e o Ministério Público, também se fizeram representados no evento.

RESPONSABILIDADE – Para a dra. Evelyn, que também é coordenadora da Rede ESSE Mundo Digital, o tema deste ano reforça a importância das atitudes individuais em prol de uma internet mais segura. “Somos todos responsáveis nesta construção e proteção social. Os traumas que são causados pela violência digital podem perdurar pelo resto da vida”, destacou.

A pediatra diz ainda que o tema ajuda a entender que as Tecnologias da Informação e Comunicação são mais do que instrumentos. “Elas são pontes para promover conhecimento e mensagens que sejam pacíficas, construtivas e que contribuam para um mundo mais justo”. Ela adverte que os pais e a sociedade têm o dever de proteger crianças e adolescentes no tempo de uso da rede.

“Deve haver uma mediação dos pais e dos educadores, impor limites ao tempo de uso da internet pelas crianças e adolescentes, além de estimular brincadeiras e atividades recreativas ao ar livre ou em contato direto com a natureza, conforme indicamos no "Manual de Orientação da Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital", lembrou ela, ao mencionar recente documento elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria.

INTERNET SEGURA – Dia Mundial da Internet Segura acontece anualmente desde 2004 e foi criada pela instituição europeia EU SafeBorders. Atualmente, a iniciativa é realizada em 130 países. No Brasil, a ação é coordenada pela ONG SaferNet Brasil, em conjunto com o Ministério Público Federal e o CGI. Esta foi a 10ª edição da iniciativa no País.

“O objetivo é reunir esforços de diversos setores da sociedade para transformar a internet em um local mais saudável e seguro”, resume o diretor da SaferNet Brasil, Rodrigo Nejm. Segundo ele, a sensibilização dos mais novos para a difusão do respeito virtual é parte importante da campanha. Dados da pesquisa TIC KIDS ONLINE-Brasil, de 2016, indicam que cerca de oito em cada dez crianças e adolescentes entre nove e 17 anos de idade possuem acesso à internet. *Com informações do Instituto Net Claro Embratel

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