Qual a conexão com a natureza no cuidado consigo, com o outro e com a Terra? Foi com o intuito de responder a esta pergunta que a dra. Evelyn Eisenstein, do Departamento Científico de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), representou a entidade no IV Seminário Criança e Natureza, promovido pelo Instituto Alana, nos dias 10 e 11 de junho, no Rio de Janeiro (RJ).
No evento, que reuniu especialistas e educadores de todo o País, as discussões se voltaram para a ampliação do diálogo sobre a relação da criança com o meio ambiente, com ênfase nas formas de interação com os diferentes cenários urbanos, definidos por fatores como biodiversidade da natureza e desigualdade social.
De acordo com a dra. Evelyn Eisenstein, as crianças acessam à natureza segundo as suas possibilidades. Enquanto diversos bairros são carentes de vegetação, com terrenos baldios e solo degradado, outros reúnem condomínios com amplas áreas verdes, mesmo que sejam controladas para fins estéticos e decorativos.
“De modo geral, não importa se as crianças moram no morro, nas periferias ou em condomínios. Há uma tendência de estilo de vida mais sedentário e confinado, distante do contato com áreas verdes. A ação dos profissionais que atuam com a área da infância e adolescência deve ser no sentido de refazer os elos de proximidade das crianças com o meio ambiente, tanto em convívio quanto em brincadeiras, práticas que se perderam ao longo dos anos”, pontuou.
Segundo a especialista, o contato com o meio ambiente traz benefícios à saúde e bem-estar da população pediátrica, com repercussão nas esferas cognitiva, social, física e psicológica, influenciando diretamente no desenvolvimento. A recomendação está alinhada com as diretrizes dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), contra a pobreza, pela proteção do planeta e pela garantia de que todas as pessoas tenham paz e prosperidade.
“É necessário que a sociedade em geral repense as cidades de forma a transformá-las em territórios mais educativos, que proporcionem o encontro com a natureza e a reinserção da infância e do brincar na vida urbana. Entre os vários efeitos negativos associados à vida longe da natureza e cada vez mais associada ao uso constante de mídias eletrônicas, estão a ansiedade, a dificuldade de socialização, a sexualização precoce, os transtornos de sono, o cyberbullying e outros comportamentos agressivos. Todos com prevalência crescente entre crianças e adolescentes”, destacou a dra. Evelyn Eisenstein.
Na pauta no Seminário, também foram discutidos os temas “Infâncias”; “Segurança no espaço público”; e “A importância da experiência”. Além disso, durante os dois dias de programação, ocorreram diversas oficinas para os participantes, como construção de bichinhos em madeira, produção de tintas à base de terra e pintura, confecção de comedouros artesanais para observação de aves, entre outras. O evento abriu ainda espaço para apresentação de trabalhos, pesquisas e experiências, com foco na valorização da relação entre a criança e a natureza.
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