Um terço das crianças no mundo tem presença de chumbo na corrente sanguínea. Essa é a conclusão da pesquisa inédita realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com a organização Pure Earth. De acordo com os resultados apresentados pelas entidades, crianças em todo o mundo estão sendo envenenadas pelo composto em uma escala grave e até então desconhecida.
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Conforme destacam os pesquisadores, o problema atinge cerca de 800 milhões de crianças, metade no sul da Ásia. Por ser uma neurotoxina muito potente, o chumbo pode causar danos irreparáveis ao cérebro, sendo destrutivo sobretudo para bebês e menores de cinco anos, que ainda não tem seus cérebros completamente desenvolvidos e podem sofrer danos neurológicos, cognitivos e físicos irreversíveis.
Na avaliação do presidente do Departamento Científico de Toxicologia e Saúde Ambiental da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dr. Carlos Augusto Mello da Silva, a pesquisa do Unicef serve de alerta e reforça aos pediatras a importância da avaliação dos fatores ambientais durante as consultas de rotina.
“Relatórios dessa abrangência evidenciam de maneira nítida a influência cada vez maior do meio ambiente na saúde do indivíduo. Pela existência de vários riscos ambientais, a anamnese do paciente pediátrico sempre deve incluir a investigação dos níveis de chumbo no sangue e outras ameaças silenciosas em nosso ambiente de moradia e convívio”, frisou.
CONTAMINAÇÃO - Segundo o estudo, a contaminação com o chumbo ocorre de várias formas. Uma delas é a reciclagem informal de baterias de automóveis, principalmente em países de renda baixa ou média, onde a frota de carros triplicou desde 2000. Nesse processo, ao serem abertas muitas caixas de baterias, derramam ácido e pó de chumbo no solo.
Outras fontes de exposição são os cosméticos, tintas e pigmentos, brinquedos, gasolina com chumbo, solda de chumbo em latas de alimentos e especiarias, medicamentos e outros produtos contaminados.
Para impedir o avanço desse quadro, o Unicef sugere uma abordagem combinada, a partir da implementação de medidas em seis áreas: sistemas de monitoramento; prevenção; gestão, tratamento e remediação; conscientização pública e mudança de comportamento; legislação e política; e associação entre ação global e regional.
*Com informações do Unicef
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