“A menor gravidade da covid-19 em crianças quando comparada com adultos fez com que, infelizmente, houvesse uma subestimação da sua real carga neste grupo etário. Os estudos com a vacina de RNAm da Pfizer demonstraram que a doença e suas complicações são passíveis de prevenção, inclusive em adolescentes e crianças. Aumentar o universo de vacinados oferece além da proteção direta da vacina, possibilidade de redução das taxas de transmissão do vírus e das oportunidades de surgimento de variantes”. Esse é o entendimento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) que lançou recentemente um novo documento científico a respeito da importância das vacinas covid-19 em crianças para a saúde pública brasileira.
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De acordo com o texto elaborado pelos Departamentos Científicos de Infectologia e de Imunizações da SBP, os eventos adversos relatados, tanto nos estudos clínicos como nos dados de farmacovigilância, ocorrem de forma rara e em frequência reduzida em comparação aos benefícios da vacinação. Dessa forma, no contexto epidemiológico com a presença de uma variante como a Ômicron, – mais transmissível ainda que apresente menor gravidade – os especialistas afirmam que estão “convencidos que ampliar o benefício da vacinação a este grupo etário é sim uma prioridade”.
SEGURANÇA - Até o início de dezembro de 2021, o Brasil confirmou em torno 22 milhões de casos, 2,2 milhões hospitalizações e 617 mil óbitos por covid-19. Aproximadamente 34 mil crianças e adolescentes menores de 19 anos de idade foram hospitalizadas pela doença e mais de 2.500 mortes foram atribuídas à covid-19 neste grupo etário. Esse número preocupa os especialistas, já que “crianças maiores de 5 anos e adolescentes representaram aproximadamente 50% destas mortes”. Além disso, a taxa de letalidade foi de 7% entre as crianças e adolescentes hospitalizados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por covid-19 no Brasil.
Dessa maneira, “além de prevenir a ocorrência de casos, hospitalizações e mortes, há uma perspectiva da vacinação [em adolescentes de 12 a 17 anos] reduzir a chance da ocorrência de sequelas da doença em todas as suas formas, incluindo os casos de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), da covid-19 longa”. Também é mecanismo de segurança para o retorno das crianças e adolescentes no ambiente escolar.
Ainda em relação à segurança, verificou-se que existe risco raro da ocorrência de miocardite/pericardite após as vacinas de RNAm, tanto com a Pfizer/BioNTech como com a Moderna, após a implementação da vacinação de adolescentes em diversos países. O documento explica que os casos ocorreram na maior parte das vezes após a segunda dose das vacinas, nos primeiros dias após a vacinação, e com maior risco em indivíduos do gênero masculino.
SAÚDE PÚBLICA - Com relação à vacinação das crianças de 5 a 11 anos de idade, os especialistas salientam que até 9 de dezembro de 2021, as mais de 7 milhões de doses da vacina pediátrica da Pfizer que foram administradas nesta faixa etária nos EUA (sendo cerca de 5 milhões como primeira dose e 2 milhões como segunda dose), demonstraram perfil de reatogenicidade adequado.
“Sendo a quase totalidade dos eventos adversos classificados como não sérios (97%), caracterizados basicamente por febre, dor de cabeça, vômitos, fadiga e inapetência. A maioria das vezes relatadas no dia seguinte à vacinação, ligeiramente mais frequente após a segunda dose e transitória na sua natureza”. Apenas oito casos de miocardite entre as mais de sete milhões de doses administradas foram relatados, e todos eles classificados como de evolução clínica favorável.
Os especialistas da SBP reforçam que os critérios para introdução de uma vacina no programa de imunizações não se resumem à prevenção das mortes relacionadas à doença. “Doenças como influenza, diarreia por rotavírus, varicela, hepatite A, meningite meningocócica, entre outras, faziam menos vítimas ao longo de um ano do que a covid-19 em pediatria, e não hesitamos em incorporar em programas de saúde pública vacinas para a prevenção dessas doenças e de suas complicações. Vacina-se para prevenir hospitalizações, sequelas, uso de antibióticos, visitas aos serviços de saúde, ocupação de leitos em UTI, entre outros. Existem justificativas éticas, epidemiológicas, sanitárias e de saúde pública para a vacinação da população pediátrica”.
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