Adolescentes de diferentes regiões do Rio de Janeiro, elaboraram uma carta aberta, na qual descreveram algumas das demandas e anseios dos jovens frente aos atuais desafios da sociedade. O documento foi escrito durante o Fórum do Adolescente e Novos Desafios, evento que promoveu uma série de atividades voltadas aos adolescentes, pais, responsáveis e profissionais da educação, e que integrou o 16º Congresso Brasileiro de Adolescência. Na oportunidade, participaram da ação os alunos da Escola Sesc de Ensino Médio, do Polo Educacional Sesc, os jovens do RAP da Saúde (Rede de Adolescentes e Jovens Promotores da Saúde), projeto da Secretaria de Saúde da Prefeitura do Rio, e da Casa Amarela, um centro de educação, arte e apoio social, localizado no Morro da Providência.
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A necessidade de aprimoramento do diálogo com os adultos foi um dos pontos indicados pelos autores. “Nós gostaríamos de expressar nosso principal pedido: confiem em nós! Temos sentimentos, opiniões, conhecemos nossos próprios corpos. Não descredibilizem nossas questões, por favor! Nós já temos vozes, só precisamos que nos deem ouvidos! Precisamos que criem com a gente e não para a gente”, sinaliza parte da publicação, que contou com a revisão e redação final de Bárbara Drable e Bianca Garcia, acadêmicas de Medicina da Universidade Souza Marques.
As atividades do Fórum envolveram uma visita guiada às instalações do Polo Educacional Sesc, seguida de uma palestra interativa para os adultos sobre saúde digital e jogos eletrônicos, na qual o dr. Benito Lourenço, do Departamento Científico de Medicina do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) explicou o limiar entre a diversão e o perigo.
“Historicamente, os Congressos de Adolescência iniciam com a escuta dos próprios adolescentes. Esse foi o intuito do Fórum, que abriu a programação do 16º Congresso. Os estudantes presentes tiveram a oportunidade de realizar oficinas sobre saúde mental, violência e saúde sexual reprodutiva. Além disso, apresentamos aos pais e educadores do Sesc – que de maneira pioneira também foram convidados a participar do evento – um outro assunto fundamental aos nossos tempos: a saúde digital. Revisamos as características biopsíquicas da adolescência e como esse contexto do mundo virtual pode ser enfrentado”, afirmou.
A dra. Cristiane Murad, médica pediatra do Sesc e do Núcleo de Estudos de Saúde do Adolescente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Nesa/Uerj), ficou responsável pelo workshop sobre “Direitos e saúde sexual reprodutiva”. A proposta foi levar conhecimento a respeito de tópicos como prevenção à Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), uso de métodos contraceptivos, direitos garantidos em lei e, ainda, dizer em quais lugares eles podem encontrar informações seguras, em caso de dúvidas. “O objetivo é capacitá-los para enfrentar a vida, de modo mais seguro e consciente, através da informação”. O workshop teve o auxílio dos seguintes facilitadores: Mariana Andrade (enfermeira do Nesa/Uerj) e Manuel Gomes (do RAP da Saúde).
Já o dr. Michel Wassersten, membro do Departamento de Adolescência da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj), em parceria com a graduanda em Serviço Social Débora da Silva, do RAP da Saúde (SMS-RJ), estiveram à frente de uma atividade voltada a discutir saúde mental. “A nossa oficina evocou discussões sobre a exclusão social, a importância da comunicação nas relações interpessoais e outras dinâmicas que têm grande impacto no bem-estar e na saúde mental dos adolescentes. Esse é um tema relevante por conta dos inúmeros transtornos e sintomas prevalentes nessa faixa etária, como depressão, ansiedade, insônia, bulimia, anorexia, entre outros. É uma área que não pode ser negligenciada”, pontuou ele.
O Fórum contou ainda com um workshop sobre “Violências”, coordenado pela assistente social Fernanda Graneiro, e conduzida pelo assistente social Welison Fontes, ambos do Nesa/Uerj. “Discutimos as desigualdades enfrentadas pelos adolescentes em seus cotidianos, como a convivência diária com a violência urbana, as violências de gênero e inclusive outros aspectos que, a princípio, podem não ser enxergados como violência, mas são, como a dificuldade de acesso a serviços de saúde para o adolescente. Acolhemos os relatos trazidos por eles e fornecemos orientações, bem como caminhos para aprofundar essas reflexões”, disse ele.
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