“O cérebro do adolescente: razão, emoção ou simplesmente diferente? ”. Essa é a temática da mesa-redonda que será apresentada no dia 31 de outubro durante o 14º Congresso Brasileiro de Adolescência, em Campo Grande (MS). Especialistas discutirão sobre as reações do cérebro do adolescente às redes sociais e vão esclarecer sobre mitos e verdades a respeito do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e do Transtorno de Ansiedade.
De acordo com a neuropediatra Liubiana Arantes de Araújo, integrante da Comissão Científica do evento e presidente do Departamento de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o contato exagerado com as telas de tablets, smartphones, notebooks ou computadores e o tempo gasto pelos adolescentes nas redes sociais interferem na participação dos jovens em experiências sensoriais, afetivas e intelectuais, uma vez que o cérebro ainda se encontra em processo de formação. “Esse exagero é nocivo ao cérebro, pois várias áreas de inúmeras funções cerebrais param de funcionar, ocasionando perdas de conexões e sinapses nas regiões não estimuladas”, explica.
Para a neuropediatra, os pais não devem proibir o acesso, mas limitar o tempo de uso e ensinar aos filhos a lidar com as situações de risco no ambiente virtual. “A Internet é uma realidade da nossa atualidade. Cabe aos pais criar uma parceria com os filhos, e acompanhar o conteúdo acessado, sempre preservando a privacidade do adolescente”, ressalta.
Segundo a dra. Liubiana, o pediatra tem papel fundamental na orientação das famílias, de forma que pais e filhos possam lidar com as situações de forma saudável e amigável. “O médico pode sugerir uma agenda com horários específicos para acesso digital, sempre levando em consideração o tempo necessário para a realização de outras atividades importantes para o desenvolvimento do jovem, como estudos, esporte, lazer, sono, convívio familiar e alimentação”, orienta.
ANSIEDADE – Sobre o TDAH, dra. Liubiana explica que nada tem a ver com deficiência intelectual, o que significa que os portadores podem ter inteligência normal ou até acima da média. “Os pacientes apresentam comportamento exacerbado de hiperatividade ou desatenção, ou ambos, com impulsividade associada que leva a prejuízos na vida escolar ou social”, esclarece.
A especialista frisa ainda que o tratamento do TDAH exige participação ativa da família, mudança de hábitos e rotinas e, muitas vezes, uso de medicação em dose adequada. “Cabe ao médico distinguir entre TDAH ou comportamentos secundários relacionados à rotina inadequada, como falta de sono ou falta de limites da família. Essa doença sempre existiu, mas o excesso de estímulos digitais, a terceirização da infância e hábitos pouco saudáveis de vida tornam o problema mais evidente na atualidade”, esclarece a especialista.
Quanto ao Transtorno de Ansiedade, segundo ela, pode se manifestar de maneiras diferentes na infância e adolescência, dificultando a percepção dos pais e o diagnóstico precoce. “Várias alterações sutis do comportamento podem ser sinais desse transtorno, quando um adolescente apresenta comportamento intolerante às situações cotidianas ou um quadro de hiperfagia”, exemplifica a neuropediatra, salientando que “os medicamentos podem ser necessários em alguns casos, mas que as terapias alternativas, como a meditação e a acupuntura têm efeitos benéficos e resultados satisfatórios, desde que haja adesão e participação do adolescente”.
Para saber mais sobre esses e outros temas, inscreva-se no 14° Congresso Brasileiro de Adolescência pelo www.adolescencia2016.com.br
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