Motivo frequente de consulta ao pediatra e ao hebiatra, sendo causa de preocupação e ansiedade para o paciente e a família, a ginecomastia no adolescente é o tema do novo documento científico publicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Desenvolvida pelo Departamento Científico (DC) de Endocrinologia da entidade, a publicação busca oferecer aos pediatras informações atualizadas e práticas para orientar o diagnóstico e condutas iniciais. Além disso, os especialistas apontam as abordagens terapêuticas; características; causas; e impactos físicos e emocionais que a condição provoca nos adolescentes.
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Caracterizada pelo aumento do volume da mama masculina devido à proliferação no tecido ductal e estroma, a ginecomastia na adolescência pode ser classificada como: fisiológica (puberal), patológica, farmacológica e idiopática. A causa fisiológica é a mais comum em adolescentes, e ela ocorre pelo desequilíbrio na relação entre estrógenos e andrógenos pois, nos estágios iniciais da puberdade, a produção de testosterona pelos testículos ainda é relativamente baixa.
Segundo o documento, se trata de um evento fisiológico que se define clinicamente por massa concêntrica e simétrica subareolar, de consistência elástica e móvel, podendo ser unilateral ou bilateral, que é a forma mais comum. A ginecomastia puberal é considerada uma variação normal do desenvolvimento do adolescente e surge geralmente entre 10 e 12 anos de idade, entre os estágios puberais 2 e 3 de Tanner; com pico de incidência entre 12 e 14 anos, no estágio puberal 4 de Tanner. Os especialistas destacam que a condição deve ser diferenciada da lipomastia, que é o excesso de deposição de gordura subareolar sem proliferação glandular.
No texto, os pediatras explicam também que é um evento benigno e transitório, regredindo, em 90% dos casos, entre 1 e 3 anos após o aparecimento. No entanto, pode ser fisicamente desconfortável e psicologicamente angustiante para o paciente. Dessa forma pode determinar diminuição na autoconfiança, distorção na imagem corporal e impacto negativo no desenvolvimento psicoemocional do adolescente.
Para avaliar os adolescentes com ginecomastia, a anamnese abrangente que estabeleça bom vínculo e exame físico cuidadoso já podem apontar para a causa fisiológica, que é a mais comum. Na maioria dos casos, a observação clínica é suficiente, já que a condição é geralmente autolimitada. A publicação aponta que casos de ginecomastia patológica em adolescentes e ginecomastia pré-puberal são raros. Nesses dois cenários, sempre deve ser realizada investigação complementar.
O DC de Endocrinologia é presidido pelo dr. Crésio de Aragão Dantas Alves e composto pelos médicos: Kassie Regina Cargnin; Cristiano Castanheiras Cândido da Silva; Leila Cristina Pedroso de Paula; Marilza Leal Nascimento; Maristela Estevão Barbosa; Raphael Del Roio Liberatore Júnior; Renata Machado Pinto; e Ricardo Fernando Arrais Relatora. O documento contou ainda com a colaboração da presidente do DC de Adolescência da SBP, dra. Alda Elizabeth Azevedo.
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