No último domingo (8), o Governo Federal convidou todos os brasileiros a passarem o dia inteiro longe de celulares e demais tecnologias digitais. A campanha – chamada de Desafio Detox Digital Brasil – faz parte do Programa Reconecte, promovido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) no intuito de fomentar a discussão sobre o uso imoderado de smartphones e outros aparelhos do mundo digital.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) expressa seu apoio à iniciativa, uma vez que as recomendações divulgadas no material da campanha estão alinhadas ao “Manual de Orientação da Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital”, lançado em 2016, pela entidade.
De acordo com a dra. Evelyn Eisenstein, do Grupo de Trabalho sobre Saúde na Era Digital da SBP, a campanha – inédita no Brasil – representa um acerto à medida que alerta para o uso excessivo de tecnologia, problema cada vez mais recorrente, especialmente entre crianças e adolescentes, e com consequências graves para a saúde física e psicológica.
“Mais e mais pacientes chegam aos consultórios pediátricos com agravos diretamente relacionados à utilização precoce ou prolongada de tecnologia. São problemas como transtornos de sono, dificuldades na área de linguagem, irritabilidade, diminuição do rendimento escolar, doenças oculares e outros. Muitos pais e responsáveis ainda não estão conscientes dos perigos reais oriundos de hábitos tecnológicos inadequados. Toda a sociedade deve estar unida nesse alerta”, explicou.
CAMPANHA - A data escolhida para o Desafio Detox Digital Brasil foi 8 de dezembro (domingo), Dia Nacional da Família. O objetivo da campanha é estimular o debate sobre a utilização inadequada dos celulares e novas tecnologias digitais, prática que tem preocupado diversos especialistas das áreas de saúde, educação e segurança. A campanha tem como foco principal as redes sociais e acaba às 23h de sábado, véspera do “Dia D”.
Vídeos explicativos, postagens educativas, dicas do que fazer em um dia sem tecnologia e até memes serão usados nas ações. Bares, por exemplo, poderão fixar nas mesas um display para que os frequentadores depositem os celulares desligados. O material estará disponível no sítio eletrônico https://portalreconecte.mdh.gov.br/
Para a dra. Evelyn Eisenstein, a ideia de um dia inteiro desconectado é extremamente benéfica, pois possibilita que outras alternativas, como passeios ao ar livre e em contato com a natureza, sejam experimentadas em conjunto por pais e filhos. “Com a população concentrada nas grandes cidades, crianças e adolescentes têm cada vez menos a oportunidade de brincar nas ruas e parques. Estão todos ultraconectados com as telas e afastados do meio ambiente. É preciso que os pais deem a devida atenção para as crianças e invistam seu tempo em atividades recreativas de qualidade, bem longe dos computadores”, enfatizou.
Os “Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes” estão listados no documento científico lançado pela SBP, em maio deste ano. A publicação demonstra, com base em evidências da literatura médica, que o convívio com a natureza, desde a infância, previne a obesidade; melhora o controle de doenças crônicas – como diabetes e asma –; favorece o desenvolvimento neuropsicomotor; e diminui o risco de dependência ao álcool e a outras drogas. Além disso, proporciona bem-estar mental e diminui significativamente o número de visitas ao médico.
DEPENDÊNCIA DIGITAL – Uma pesquisa realizada pelo Ibope em fevereiro deste ano apurou que 52% dos brasileiros não conseguem ficar um dia inteiro longe do aparelho. Outros 16% apontaram que o uso do smartphone atrapalha no âmbito profissional; 16% dos internautas relatam que o relacionamento com a família é afetado; 12% se distraem com o aparelho enquanto dirigem; 9% disseram que a saúde é afetada; 8% veem o ambiente escolar influenciado; e 6% apontam que o telefone celular prejudica a vida sexual.
Uma outra pesquisa, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), apontou que no Brasil 88% das crianças de 9 a 17 anos acessam a internet todos os dias ou quase todos os dias. Ansiedade e depressão também estão na lista de possíveis doenças que podem ser agravadas pelo uso imoderado de tecnologias.
O psicólogo e coordenador do grupo de dependências tecnológicas do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), Cristiano Nabuco, explica que usar as novas tecnologias de maneira ilimitada e descontrolada pode acarretar danos à saúde física e mental. “Poucos sabem que após três horas de uso de internet, o cérebro começa a desenvolver um quadro de depressão, perda de habilidade de relacionamento, motivação com a vida, diminuição da autoestima”, explicou.
NOVO DOCUMENTO – Nas próximas semanas, um novo documento científico sobre os efeitos do uso de tecnologias digitais na infância e adolescência será lançado pelo Grupo de Trabalho sobre Saúde da Criança e do Adolescente na Era Digital da SBP. A publicação conterá atualizações sobre o tema, baseadas nas mais recentes evidências da literatura científica mundial.
*Com informações da assessoria de Comunicação do MMFDH
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