Guia de Saúde Oral Materno-infantil atualiza diretrizes para gestantes manterem cuidados com a saúde bucal na pandemia

A Global Child Dental Fund (GCDFund) – organização sem fins lucrativos do Reino Unido – atualizou o Guia de Saúde Oral Materno-infantil, elaborado pela equipe de consultores da instituição e apoiado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com foco na gestante, no bebê e na criança. O documento traz a importância de manter de forma regular a consulta ao dentista durante a gestação e nos primeiros anos de vida, mesmo durante a pandemia de Covid-19.

“Neste período que estamos enfrentando, a consulta ao dentista durante a gestação e nos primeiros anos de vida não está sendo muito frequente no mundo, inclusive no Brasil, sendo reportado uma maior prevalência dos traumatismos orofaciais, dificuldade na rotina adequada da higiene oral e da alimentação infantil. A atualização deste Guia aos pediatras e às famílias é um grande benefício à promoção da saúde oral infantil e da sociedade”, enfatiza dra. Dóris Rocha Ruiz, da Associação Brasileira de Odontologia Pediátrica (ABO) e consultora da GCDFund no Brasil.

ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DO GUIA ATUALIZADO

O Guia apresenta de forma didática, orientações sobre os hábitos de higiene necessários para prevenir os principais problemas que comprometem a saúde bucal da população pediátrica e que acometem as mulheres durante a gravidez. O documento foi adaptado para o Brasil a partir da revisão de conteúdo desenvolvido pelos pediatras brasileiros.

“A criança deve visitar o dentista regularmente, mas é excepcionalmente importante fazer uma consulta quando os primeiros molares permanentes surgirem. Deve-se notar que eles são a chave para o espaçamento de todos os demais dentes permanentes”, enfatiza a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, uma das revisoras do Guia juntamente com o diretor dos Departamentos Científicos da SBP, dr. Dirceu Solé.

CUIDADOS – O Guia enfatiza a necessidade de a gestante empreender esforços para cuidar da própria saúde oral, visto que crianças cujas mães sofrem de doenças orais têm mais chances de sofrerem algum agravo. Junto aos exames de pré-natal, é recomendado buscar aconselhamento odontológico, principalmente para evitar possíveis complicações, como dor, inflamação e infecções orais, que podem atrapalhar a gestação.

Dentre os problemas mais comuns relatados nesse período encontram-se o surgimento de cáries, desgaste dos dentes, gengiva inchada e vermelha, alteração na saliva e inflamação ou crescimento da gengiva. Escovar os dentes ao menos duas ou três vezes ao dia, utilizando creme dental com flúor, trocar a escova a cada três ou quatro meses e manter uma dieta equilibrada são algumas das práticas recomendadas para evitar o desenvolvimento dessas patologias são algumas das orientações repassadas no Guia.

PRIMEIRA INFÂNCIA – Segundo o documento, as visitas regulares ao dentista são necessárias logo após o nascimento dos primeiros dentes do bebê. O objetivo inicial é acompanhar o desenvolvimento das arcadas dentárias e estruturas orofaciais da criança. O Guia ressalta também a importância de priorizar o aleitamento materno em detrimento da mamadeira, que pode desencadear problemas, como a cárie dentária, caso já haja dentes na boca.

A publicação aborda ainda o processo natural da erupção dentária – crescimento dos dentes de leite –, trazendo orientações sobre dieta e métodos alimentares para introduzir a criança à fase da mastigação. Além disso, são descritas práticas saudáveis de higiene para o bebê, como a utilização de escovas e cremes dentais adequados a cada faixa etária. “Bebês podem ter cárie dentária e gengivite. Quando a cárie dentária é identificada, deve ser tratada imediatamente, porque poderá destruir rapidamente os dentes de leite”, alerta o documento.

Outro ponto destacado é a prevenção de traumatismos. De acordo com o documento, é essencial que o bebê use cinto de segurança em automóvel, carrinho de passeio e cadeirinha de bebê. “Caso aconteça algum traumatismo na boca, o bebê deve ser levado ao dentista imediatamente. Uma queda durante este período da vida pode afetar o desenvolvimento da boca e os dentes permanentes que ainda crescem abaixo da gengiva”, diz trecho do Guia.

DENTES PERMANENTES – O período de troca dos dentes de leite pelos dentes permanentes têm início após a criança completar cinco ou seis anos. Segundo o Guia, todos os 20 dentes de leite devem ser trocados até os 11 ou 12 anos. Os chamados dentes “sisos” podem aparecer em diferentes idades, geralmente após os 17 anos. “A criança deve visitar o dentista regularmente, mas é excepcionalmente importante fazer uma consulta quando os primeiros molares permanentes surgirem. Deve-se notar que eles são a chave para o espaçamento de todos os demais dentes permanentes”, esclarece o manual.

O Guia apresenta ainda informações sobre a má formação dentária e posição correta dos dentes. Qualquer alteração pode comprometer funções importantes para o desenvolvimento infantil, como engolir, mastigar, falar e respirar. “Isso frequentemente acontece devido a nutrição inadequada, doença, infecção ou excesso de flúor durante a formação dos dentes”, ressalta o documento da GCDFund.