Humanização na relação médico-paciente marcam conferência sobre bioética

Como parte da programação do 15º Congresso de Ensino e Pesquisa, evento paralelo ao 38º Congresso Brasileiro de Pediatria, foi realizada nesta sexta-feira (13) a mini-conferência “O ensino da bioética na graduação e na residência”, ministrada pelo 1º vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dr. Clóvis Constantino. Na oportunidade, ele explanou acerca da formação ético-moral dos estudantes, defendendo a humanização da atividade e a educação humanística do futuro médico, com a aplicação de disciplinas de literatura, história, filosofia e artes na graduação. 

“Nosso paciente não é uma doença, mas uma pessoa que tem uma biografia, uma família. Além de tentarmos fazer todo o processo investigativo e terapêutico, temos que tratá-lo como ser humano. Somos duas pessoas nos comunicando, a diferença é que o médico tem o conhecimento para ajudar aquela pessoa que tem um problema de saúde. O importante da bioética em relação à assistência é o tratamento com dignidade”, defendeu. 

Dr. Clóvis entende que, dentro da formação de seis anos da graduação, a grande expectativa dos alunos é tornar-se médico. Para isso, no entanto, ele diz ser necessário aprender formas de agir e comportar-se. Também afirma que o curso de Medicina é rico em situações reais de conflitos éticos e que a exploração dessas situações por professores devidamente sensibilizados e preparados pode ser o “padrão ouro” para o desenvolvimento moral dos alunos. 

Sobre os desafios pertinentes a área da biomedicina, o 1º vice-presidente acredita que tudo o que diz respeito à evolução da ciência precisa ser debatido debaixo da bioética, pois todos os avanços, em qualquer área, têm benefícios e malefícios. “É como um avião, que pode servir para levar pessoas a outro destino, como pode ser utilizado para atirar bombas”, exemplificou. 

Para ele, a bioética precisa ser debatida e lembrada por todos os médicos, assim como por jovens alunos de Medicina que estão no processo de formação. “E temos que lembrá-los que não é só aprender aquele conteúdo da faculdade que vai capacitá-los a serem médicos, mas mostrar que tudo precisa fazer sentido, que é o respeito pela pessoa”.