Morreu em um hospital de Tóquio (JP), aos 95 anos de idade, o dr. Tomisaku Kawasaki, pediatra japonês que descobriu a rara síndrome inflamatória que afeta preferencialmente crianças menores de cinco anos, posteriormente denominada como “doença de Kawasaki”. O anúncio do falecimento foi feito pelo Japan Kawasaki Disease Research Center, na quarta-feira (10).
De acordo com o presidente do Departamento Científico de Cardiologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, dr. Jorge Yussef Afiune, a morte do especialista representa uma perda significativa para a comunidade científica internacional, uma vez que o dr. Tomisaku Kawasaki foi um dos nomes mais importantes da medicina pediátrica ao longo dos últimos 50 anos.
“A descrição inicial da doença de Kawasaki feita pelo Dr Tomisaku permanece impressionantemente atual até o momento, embora a causa exata dessa síndrome ainda seja um enigma. Curiosamente, o acometimento cardiológico desta doença só foi observado alguns anos após, quando surgiram relatos de morte súbita em crianças que tiveram diagnóstico prévio de Kawsaki”, explica o dr. Jorge Afiune.
Segundo ele, a vasculite de artérias de médio calibre, especialmente das artérias coronárias, representa a complicação mais temida. “Identificar precocemente os sinais clínicos descritos por Kawasaki ainda é a ferramenta mais importante para instituir o tratamento que pode reduzir a chance de complicações cardíacas graves”, pontuou.
DESCOBERTA – O pediatra japonês foi o responsável por observar pela primeira vez, em 1961, os sintomas inexplicáveis em um menino de quatro anos. A criança tinha febre alta com conjuntivite, erupção cutânea no corpo e língua cor vermelho-framboesa. Depois, ele encontrou 50 casos semelhantes, dos quais publicou uma descrição científica, em 1967.
A doença tende a afetar mais os meninos do que as meninas e é mais comum em crianças de origem japonesa, embora agora seja diagnosticada em todo o mundo. A causa continua sendo um mistério.
A morte do dr. Tomisaku Kawasaki aconteceu na última sexta-feira (5) em um hospital de Tóquio, em função de sua idade avançada.
CORONAVÍRUS – Após o anúncio da atual pandemia, foi relatada uma doença inflamatória que acomete crianças e adolescentes, tendo alguns sintomas e sinais semelhantes à doença de Kawasaki. Muitos pesquisadores tentam verificar o suposto vínculo entre essa nova doença pediátrica e a COVID-19, uma vez que pacientes apresentaram resultados positivos para o novo coronavírus.
Para auxiliar os pediatras na condução de eventuais casos no Brasil, a SBP publicou recentemente a nota de alerta “Síndrome Inflamatória Multissistêmica”, com orientações a respeito dessa nova apresentação aguda e grave observada em crianças e adolescentes. Segundo informa o presidente do Departamento Científico de Reumatologia da SBP, dr. Clóvis Artur Almeida da Silva, os casos foram inicialmente relatados na Europa e América do Norte e, mais recentemente, na América Latina.
“Essa síndrome ocorre de dias a semanas após a infecção aguda por SARS-CoV-2. As características clínicas são semelhantes à doença de Kawasaki, mas também à síndrome de choque associada à Kawasaki, à síndrome de ativação macrofágica (SAM) e à síndrome de choque tóxico. No entanto, nos episódios descritos, as crianças afetadas eram mais velhas. Elas também apresentaram inflamação mais relevante e maiores níveis dos marcadores de lesão cardíaca. Um amplo espectro clínico foi observado, incluindo febre persistente, alterações gastrointestinais (dor abdominal, vômito, diarreia), lesões cutâneas e conjuntivite. Alguns casos cursaram ainda com miocardite, choque e aneurismas das artérias coronárias”, afirmou.
De acordo com o especialista, outro aspecto relevante é que os pacientes que manifestaram essa doença eram previamente saudáveis. “A maioria deles testou negativo para RNA SARS-CoV-2, mas positivo para anticorpos, sugerindo uma resposta imune alterada após a infecção pelo novo coronavírus”, completou.
Em 2019, o Departamento Científico de Reumatologia da SBP também publicou o documento científico “Doença de Kasawaki”, com mais informações sobre a patologia, uma das vasculites primárias mais comuns da faixa etária pediátrica, que representa a principal causa de cardiopatia adquirida em crianças nos países desenvolvidos e cerca de 5% das síndromes coronarianas em adultos.
*Com informações da Agence France-Presse (AFP)
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