Cerca de 465 crianças menores de cinco anos morrem por dia no Brasil em razão de doenças potencialmente causadas ou agravadas pela poluição do ar. Esse dado alarmante, parte de um relatório elaborado pelo Health Effects Institute em colaboração com o UNICEF, foi sintetizado e divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que recentemente lançou o documento científico “Estado do Ar Global”, um alerta sobre o impacto da poluição do ar na saúde infantil.
Segundo o documento, a poluição do ar contabilizou 8,1 milhões de mortes no mundo em 2021. A maioria dos casos está associada a infecções respiratórias agudas, doenças das artérias coronárias e doença pulmonar obstrutiva crônica. Desse total, 700 mil óbitos foram de crianças com menos de cinco anos. No Brasil, 169,4 mil crianças nessa faixa etária foram vítimas fatais de doenças associadas à poluição do ar.
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De acordo com o presidente da SBP, dr. Clóvis Francisco Constantino, a poluição do ar é um grave problema de saúde pública e, nesse contexto, gestantes e crianças ainda em fase de desenvolvimento são especialmente vulneráveis. “Existem diversos efeitos deletérios para a saúde na gestação, como maior probabilidade de parto prematuro, baixo peso ao nascer, desenvolvimento de asma, pneumonia e outras doenças pulmonares. Além disso, as crianças inalam mais ar por quilo de peso corporal e absorvem mais poluentes em relação aos adultos enquanto seus pulmões, corpos e cérebros ainda estão em desenvolvimento”, destaca.
Ao todo, o relatório inclui dados de mais de 200 países, indicando que quase todas as pessoas respiram todos os dias níveis prejudiciais de poluentes atmosféricos, sobretudo material particulado com 2,5 microns ou menos de diâmetro (PM 2,5). Por esse motivo, atualmente, milhões de pessoas têm convivido com doenças crônicas debilitantes, muitas delas associadas à poluição do ar doméstico em função do uso de combustíveis poluentes para cozimento.
SBP EM AÇÃO — A preocupação com a qualidade do ar tem assumido cada vez mais espaço na agenda da Pediatria. Em março de 2024, representantes da SBP, da Associação Médica Brasileira (AMB) e de outras sociedades, entregaram em mãos um manifesto à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. O documento exige o estabelecimento de prazos para o Brasil atingir os padrões internacionais de qualidade do ar.
Mais recentemente, em maio, a SBP também atuou na divulgação da cartilha “Como as mudanças climáticas impactam a nossa saúde?”, elaborada pela iniciativa Médicos pelo Ar Limpo. A publicação tem como base estudos científicos e destaca a relação entre as atividades humanas, como desmatamento, queima de combustíveis fósseis e o aumento das emissões de gases de efeito estufa.
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