No Ceará, relatos de pediatras sobre a escolha pela especialidade médica pode virar livro

Para incentivar a formação de novos pediatras, a presidente da Sociedade Cearense de Pediatria (Socep), dra. Anamaria Cavalcante, anunciou a elaboração de uma publicação que reunirá diversos relatos sobre o início da trajetória de destacados pediatras do estado do Ceará. De acordo com a especialista, a intenção é reunir depoimentos, poemas e textos, que expressem as motivações de pediatras de diferentes idades sobre a opção pela especialidade médica responsável pelo cuidado da saúde das crianças e adolescentes.

“Queremos transmitir aos mais jovens a satisfação que percorre a trajetória daqueles que optaram pelo cuidado permanente da saúde do futuro do Brasil. Nomes relevantes do cenário local já confirmaram seu engajamento em expor suas histórias pessoais”, antecipa a dra. Anamaria.

Dentre os especialistas convocados a participar do projeto, constam o dr. Álvaro Madeiro Leite, do Grupo de Trabalho de Pediatria e Humanidade da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP); dra. Maria Sidneuma, da Comissão de Sindicância da SBP; dra. Jocileide Sales Campos, diretora de Cursos e Eventos da Socep; além da dra. Marilene de Albuquerque Uchoa e do dr. Paulo Alexandre Negreiros de Andrade.

INSPIRAÇÃO – A inspiração para a produção do livro, que será disponibilizado oportunamente no site da filiada, surgiu após a leitura da crônica “Paz, prática pediátrica”, elaborada pela pediatra e professora universitária, dra. Maria Nicó Duarte Camelo. A especialista produziu um relato autobiográfico sobre as razões, e também desvios da vida, que a levaram ao exercício da especialidade, em especial à atuação em Hebiatria, área relacionada à saúde dos adolescentes.

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Em seu texto, a médica descreve a vocação pela formação humanística, destacando que, ainda na juventude, seu sonho de ser diplomata da Organização das Nações Unidas (ONU) foi moldado à vontade do pai, que fez questão de encaminhar seu destino a caminhos menos etéreos.

“Para minha surpresa, sem choro nem muita revolta, acabei com o assunto e fui além. Resolvi me punir pela falta de coerência e alienação. ‘Vou fazer Medicina’. Soava como um bom castigo auto-outorgado. Sobre as dores, dívidas e doenças, aprenderia tudo da miséria humana que era para deixar de ser tola. A proposta pessoal foi de acordar de um sonho para dissecar o pesadelo real”, descreve a dra. Maria Nicó.

Ao longo da crônica, a especialista revela ainda como o encontro com a medicina a transportou para uma realidade muito mais profunda e complexa do que costumam supor aqueles que optam pelo exercício da medicina. “Aquietando tantas dificuldades da passagem dos indivíduos da infância para a vida adulta, o que mais faço é mediar conflitos. Sinto muito prazer e alegria ao perceber que no final, mais do que promover a saúde e avaliar os riscos de meus pacientes, estou trabalhando pelo bem-estar da sociedade. Sugiro então insistirmos na aplicação do verbo ‘Pazear’, ação que implica em trabalho de inspiração humana e de realização continua”, salienta a especialista.

Segundo a presidente da Socep, foi justamente a ênfase dada à propriedade de promoção da paz, atributo fundamental para o exercício da pediatria, que chamou a sua atenção para o texto. “A crônica da dra. Maria Nicó nos ensina que uma das principais missões do pediatra e dos cidadãos em geral é denunciar, cada vez mais, a necessidade de conjugar a paz. Além do cuidado físico, precisamos estimular as novas gerações de profissionais à exercerem a pediatria de forma humanista, preocupados em especial com o bem-estar do paciente”, finaliza a dra. Anamaria.