No ‘Maio Roxo’, SBP conclama pediatras a protagonizar enfrentamento da Doença Inflamatória Intestinal

 Nesta quinta-feira (19), é celebrado o Dia Internacional da Doença Inflamatória Intestinal (DII), tema que deu origem ao chamado “Maio Roxo”. Desde 2010, em todo mundo, são promovidas neste mês ações voltadas à data, com o objetivo de alertar e informar sobre essa doença. Nesse sentido, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), através do seu Grupo de Trabalho de Doença Inflamatória Intestinal, lança uma campanha com o intuito de colocar o pediatra como protagonista no atendimento da DII e de chamar a atenção para os sinais de alerta e para a importância do diagnóstico precoce.

Como parte dessa iniciativa, foram produzidos conteúdos sobre o papel do pediatra no curso dessas doenças, com foco nos três principais tipos de DII: doença de Crohn (DC), retocolite ulcerativa (RCU) e colite não classificada. O material será veiculado através de news enviadas por e-mail aos associados; cards publicados em todas as redes sociais da SBP; e material de suporte no site Doença Inflamatória Intestinal - SBP.
 
Cerca de 10 milhões de pessoas no mundo vivem com alguma doença inflamatória intestinal. No Brasil, não há registros consolidados de casos, mas estudos evidenciam que nos últimos anos há uma crescente incidência e prevalência desses problemas. Dra. Luciana Rodrigues Silva, presidente da SBP e uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho de Doença Inflamatória Intestinal, ressalta que, em média, os pacientes com DII chegam a peregrinar durante dois anos em busca de um diagnóstico.
 
“Por essa razão, o alerta da SBP é fundamental para que os pediatras ajudem, através do diagnóstico precoce, a reduzir esse percurso. Dessa forma, evitamos que os pacientes tenham complicações relacionadas a essas doenças, e também diminuímos a possibilidade de que haja internações, cirurgias e problemas no desenvolvimento da criança. Contribuindo, assim, para a qualidade de vida desses pacientes”, explica a médica, que é gastroenterologista pediátrica.
 
DOENÇAS - As doenças inflamatórias intestinais são distúrbios crônicos do trato gastrointestinal. A doença de Crohn (DC) acomete todo o sistema digestório, e em até 25% dos pacientes se manifesta durante a infância ou adolescência. A retocolite ulcerativa (RCU), atinge especificamente o reto e o intestino grosso (cólon), e entre 15% e 40% dos casos ocorrem antes dos 20 anos de idade. Já a colite não classificada é uma colite grave, com inflamação restrita ao cólon, sem envolvimento do intestino delgado.
 
Segundo estudos, o pico de início dessas doenças se dá entre os 15 e 25 anos de idade. E, para o desenvolvimento destas, além da alteração da barreira da mucosa intestinal, há outros fatores de risco, de início e de manutenção que influenciam, como questões: genéticos, socioambientais, microbiológicos e imunológicos.
 
“É crucial que os pediatras saibam quando suspeitar dessas doenças em pacientes pediátricos, e posteriormente encaminhar ao gastropediatra. Já que portadores de DII tendem a comer menos, por conta da dor que sentem durante as crises, e esse quadro, acrescido à má absorção dos nutrientes e ao uso de medicamentos que podem interferir no crescimento, impacta o desenvolvimento dessas crianças e adolescentes”, detalha dra. Luciana.

A presidente da SBP ressalta, ainda, que a doença inflamatória intestinal está acometendo pacientes cada vez mais novos, com registros de pacientes com menos de um ano de idade. “Isso, claro, pode dificultar o diagnóstico”, explica.

O Grupo de Trabalho (GT) em Doenças Inflamatórias Intestinais é coordenado pela dra. Luciana Rodrigues Silva (BA) e dra. Maraci Rodrigues (SP). Integram ainda o GT as médicas dra. Vera Lúcia Sdepanian (SP); dra. Elizete Aparecida Lomazi (SP); dra. Vanessa Scheffer (RS); dra. Michela Marmo (PE); dra. Hildenia Baltasar Ribeiro Nogueira (CE); dra. Roberta Paranhos Fragoso (ES); e dr. Sílvio Carvalho (RJ).