No Setembro Dourado, SBP reforça importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil

No Brasil, muitos pacientes com diagnóstico de câncer ainda são encaminhados aos centros de tratamento com a doença já em estágio avançado. Por isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) aproveita o Setembro Dourado, mês voltado para a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil, para lançar o documento científico “Epidemiologia e diagnóstico precoce do câncer infanto-juvenil”.

CLIQUE AQUI E ACESSE O DOCUMENTO NA ÍNTEGRA

Elaborado pelo Departamento Científico de Oncologia da SBP, o material enfatiza que o câncer, quando detectado em estágios iniciais, apresenta maior probabilidade de cura, com a realização de tratamentos menos agressivos e consequente redução das complicações decorrentes da terapia. Destaca, ainda, o papel do pediatra como facilitador do diagnóstico precoce, tendo o dever de incluir e investigar a hipótese de câncer diante de algumas situações clínicas da prática pediátrica.

O câncer infantojuvenil representa de 1% a 4% de todos os novos diagnósticos da doença a cada ano, e corresponde à segunda principal causa de óbito, depois dos acidentes. A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) estima que, no mundo, 215 mil casos novos de câncer ao ano são diagnosticados em crianças menores de 15 anos; e cerca de 85 mil em adolescentes entre 15 e 19 anos.

No Brasil, conforme dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), os números de casos novos de câncer infantojuvenil esperado para cada ano do triênio 2020-2022 são: 4.310, no sexo masculino; e 4.150, no feminino. O documento recomenda veementemente que, na suspeita de câncer, é imprescindível o encaminhamento imediato a um centro especializado de referência pediátrico no diagnóstico e no tratamento da doença, já que as chances de cura, sobrevida, qualidade de vida do paciente e relação efetividade/custo da doença são maiores quanto mais precoce for o diagnóstico do câncer.

A história clínica detalhada, a história familiar e a presença de doenças genéticas ou de doenças constitucionais, bem como o exame físico minucioso, são os passos iniciais no processo de diagnóstico do câncer. Na criança, o alto nível de suspeição para doença deve estar presente no raciocínio médico, considerando que na maioria das vezes os sinais/sintomas são similares aos de doenças benignas, comuns da infância. E, não raras vezes, a criança ou o adolescente pode ter o seu estado geral de saúde ainda não comprometido no início do quadro clínico.

Atualmente, com a evolução tecnológica, medicina de precisão e produção de terapia alvo, o tratamento vem se tornando cada vez mais individualizado. Assim, cerca de 80% das crianças e adolescentes com câncer podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados pediátricos com protocolos cooperativos.

PREVENÇÃO - Na vida adulta, o câncer pode ter origem na combinação de vários fatores: genéticos; ambientais; e de modos de vida, como tabagismo, inatividade física, alimentação inadequada, excesso de peso, consumo excessivo de álcool, exposição a radiações ionizantes e a agentes infecciosos específicos.

A SBP recomenda, portanto, que o pediatra oriente as famílias a incorporarem ações de prevenção primária para evitar ou reduzir o desenvolvimento de câncer na vida adulta, com ênfase nos fatores associados ao modo de vida em todas as idades e com intervenções de combate a agentes ambientais e ocupacionais cancerígenos. Além disso, a entidade indica que a amamentação contribui para reduzir as chances de desenvolver futuramente câncer de mama, de ovário e de útero, além de prevenir na criança o sobrepeso e a obesidade. 

O Departamento Científico de Oncologia da SBP é composto pelos médicos: Denise Bousfield da Silva; José Henrique Silva Barreto; Cláudio Galvão de Castro Júnior; Ethel Fernandes Gorender; José Carlos Martin Córdoba; Luiz Gonzaga Tone; Mara Albonei Dudeque Pianovski; e Sidnei Epelman.