Nos últimos 5 anos, Macapá perdeu quase 50% dos leitos pediátricos disponíveis no SUS

Diante do crescimento exponencial dos casos de síndromes gripais e respiratórias registrados no Amapá entre crianças e adolescentes, as Sociedades Brasileira (SBP) e Amapaense de Pediatria (SAP) vem a público demonstrar sua preocupação, sobretudo em função da insuficiência de leitos pediátricos atualmente disponíveis na rede pública de saúde do Estado. Dados do Ministério da Saúde analisados pelas entidades mostram que, nos últimos cinco anos, a capital amapaense perdeu quase 50% dos leitos de internação pediátricos. Em 2019, eram 139 vagas disponíveis. Hoje, são apenas 74 leitos destinados às crianças em Macapá.

“Boa parte dos casos de internação aqui no Amapá têm sido causados pelo vírus sincicial respiratório (VSR), responsável por quadros de bronquiolite e pneumonia, especialmente em menores de dois anos. O período de sazonalidade entre março e julho favorece a circulação do VSR e também de outros vírus, como o Influenza, que culmina numa superlotação dos hospitais. Se todas as crianças ficam doentes ao mesmo tempo e não há leitos e equipes suficientes, o atendimento dos pacientes fica prejudicado”, alerta a presidente da Sociedade Amapaense de Pediatria, dra. Camila Salomão.

Em função do aumento de casos, o Governo do Estado decretou, no último sábado (13), situação de emergência em saúde pública. Desde então, três crianças morreram, entre elas, uma criança indígena, do município de Pedra Branca do Amapari; e outra em Tartarugalzinho. Ambas as cidades contam apenas com cinco leitos de internação destinados à população pediátrica.

COMO PREVENIR O VSR? - Conforme salienta o presidente do Departamento de Imunizações da SBP, dr. Renato Kfouri, o VRS é o vírus que mais gera preocupação à saúde de crianças pequenas. No entanto, nos últimos anos, devido à pandemia e ao isolamento social, as crianças - longe das escolas - foram menos expostas ao vírus. “Neste ano, estamos vivenciando um retorno da circulação do VSR e aquelas crianças que não foram expostas anteriormente acabam sendo infectadas”, esclarece.

Como ainda não existe uma vacina disponível contra o VSR, a prevenção está justamente na adoção de medidas de higiene, como aquelas amplamente difundidas durante a pandemia: a higienização regular das mãos com sabão ou álcool e distanciamento de pacientes com sintomas gripais. "Além disso, para bebês com maior risco de complicações, como os prematuros, existe uma prevenção através do uso de anticorpo monoclonal específico contra esse vírus", avisa o pediatra.

VACINAÇÃO - Segundo a Secretaria de Saúde do Amapá, a maioria das crianças internadas em estado grave não se vacinou contra a covid-19, nem contra a gripe. Números oficiais do Governo Federal, de 2017 e 2018, apontam que Macapá ocupava o último lugar em cobertura vacinal entre todas as capitais do País, em relação ao esquema vacinal completo previsto para os 24 meses iniciais de vida da criança.

Diante do cenário, o presidente da SBP, dr. Clóvis Francisco Constantino, ressalta a extrema importância de manter em dia as imunizações de crianças e adolescentes. “As vacinas desempenham um papel essencial de proteção, diminuindo sobremaneira os riscos de internação e morte. A vacina contra a gripe, já é indicada a partir dos 6 meses de idade. Converse com o pediatra do seu filho para não atrasar nenhum dos esquemas e doses preconizados pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Vacinas salvam vidas!”, enfatizou.