“Foi uma aproximação importante com o Ministério”, salienta o presidente da SBP, Eduardo da Silva Vaz, sobre a presença do Secretário de Educação Superior do MEC, Paulo Speller, no 14º Congresso Brasileiro de Ensino e Pesquisa, realizado de 10 a 12 de dezembro, em Campinas. “Conversamos bastante sobre a possibilidade de avançarmos com o terceiro ano da Residência em Pediatria em mais serviços, para garantir formação de qualidade, com reconhecimento internacional e o mesmo treinamento oferecido nas melhores instituições do exterior. Também discutimos o currículo da pediatria na graduação, que precisa ser incrementado”, afirma.
“O esforço valeu a pena. Tivemos um debate excelente, que marcou o papel do pediatra na condução da saúde da infância”, resume a presidente do evento, Sandra Grisi. Responsáveis pelas palestras que abriram os dois primeiros dias daquele que também foi o 14º Fórum da Academia Brasileira de Pediatria “prof. Izrail Cat”, os docentes Fernando José de Nóbrega e José Martins Filho, ex e atual presidente da ABP, respectivamente, trouxeram à tona temas fundamentais, como a importância da gestação, a influência dos “primeiros mil dias” da criança no restante de suas vidas, bem como do vínculo mãe e filho, da amamentação, da segurança do afeto nessa fase para a saúde mental. Os acadêmicos reforçaram, assim, o papel da puericultura, da proteção da infância contra os efeitos das adversidades e do estresse tóxico a longo prazo.
Na manhã do terceiro dia, foi a vez do professor Keith Godfrey, da Universidade de Southampton (Reino Unido), detalhar o papel da epigenética, explicando que, conforme as evidências científicas atuais, cada vez está mais claro o papel decisivo do meio ambiente na expressão dos genes do ser humano. “Apenas 25% das características determinadas originalmente pelo DNA se mantém como tais, sendo que 75% das demais são modificadas pelo impacto dos fatores ambientais, como o estresse, sobre a estrutura genética”, afirmou.
Nos três dias, após as conferências, o Congresso se dividiu em grupos para discutir a Pós-Graduaçãostricto sensu e a pesquisa; a nova residência em pediatria; e o ensino na graduação, com destaque para o Encontro das Ligas de Pediatria. Entre os temas abordados, os desafios perante a Capes, a ética no exercício profissional, nas publicações científicas, bem como o limite no uso de placebos, a ênfase na assistência ao pré-natal, com a questão do transporte do prematuro, principais problemas imunológicos na infância e na adolescência, a primeira hora do recém-nascido, entre outros. Salientando a participação ativa dos acadêmicos em palestras e mesas-redondas, dr. José Martins Filho comenta que “foi muito boa a experiência e uma das primeiras vezes nas quais o Fórum da Academia de Pediatria se juntou ao comitê de Ensino e pesquisa da SBP”.
Esteve em evidência no Congresso o novo conteúdo da Residência em Pediatria de três anos, baseada na lógica do Currículo elaborado pelo Global Pediatric Education Consortium (GPEC), a aliança mundial em educação pediátrica. “A proposta é uma referência, cada local faz as adaptações, de acordo com sua realidade”, ressalta o representante da SBP e atual diretor do Consórcio, Dioclécio Campos Jr. Os primeiros programas, que já começaram em 2014, apresentaram suas experiências. “A avaliação é muito boa, os residentes informaram que, em conversas com os colegas que estão nos programas com dois anos, puderam perceber como têm aprendido e aprofundado mais os assuntos”, comenta a dra. Sandra Grisi. Atualmente, são 11 os serviços que já aderiram à nova formação em três anos. “Muitos que ainda não participam estão dispostos a avançar, superar os problemas. Esperamos um número substancial de adesões em 2015 para início em 2016”, informa a dra. Sandra. “Está muito clara a presença ativa da SBP, buscando abrir espaços nas instâncias de governo e instituições para as mudanças que se fazem necessárias”, ressalta o dr. Dioclécio.
Participaram alunos de Manaus (AM), Goiânia (GO), Rio Verde (MG), Natal (RN), Pelotas (RS), São Paulo, Campinas e Sorocaba (SP). Estiveram à frente da organização, os professores Luiz Anderson Lopes (EPM-UNIFESP) e Izilda das Eiras Tâmega (PUC-Sorocaba), coordenadores das Ligas pela SBP e que, juntamente com os preceptores Ana Paula (USP) e Roberto Teixeira Mendes (UNICAMP) relataram sobre o funcionamento das Ligas de suas universidades. “Os estudantes também falaram sobre a influência da experiência em sua vida acadêmica e aprendizado”, informa a dra.Izilda.
Entre as atividades, dos 183 temas livres encaminhados, 22 foram selecionados pelo Comitê Científico para apresentação oral, sendo 16 também discutidos. “Procuramos contemplar as características do desenho metodológico, decisivo em um trabalho científico, e todos puderam expressar suas considerações. Abrimos o debate, que foi muito positivo e apontou para encontros mais frequentes”, garante o dr. Luiz Anderson.
No dia 13, a ABP realizou, em Campinas, sua assembleia, dando posse ao dr. Dioclécio Campos Jr. como acadêmico titular n° 12, cujo patrono é Décio Martins Costa. Também foram eleitas as professoras Magda Maria Sales Carneiro Sampaio (SP), Licia Maria Oliveira Moreira (BA), Themis Reverbel da Silveira (RS) e Sheila Knupp Feitosa de Oliveira (RJ).
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